Por João Luiz da Fonseca*
Quando a temporada 2023 da Fórmula 1 terminou, a Red Bull era o próprio símbolo da perfeição. Ou quase isso. Afinal, o time venceu 21 das 22 corridas disputadas, levou Max Verstappen ao terceiro título do Mundial de pilotos, deu a Sergio Pérez o vice-campeonato e faturou o Mundial de construtores.
Fazendo as corridas até perderem de certa forma a graça de tão previsíveis, a equipe seguia plena, rumo a mais um, e já dado como certo, campeonato de sucesso.
Mas antes mesmo do início da temporada 2024, o inimaginável aconteceu: o time austríaco começou a desandar. Acendendo o estopim de uma bomba que começava a estourar, Christian Horner, o vitorioso chefe de equipe desde 2005, ou a ser o pivô de uma intensa disputa nos bastidores, que começou com a morte do fundador do conglomerado Red Bull, o empresário Dietrich Mateschitz, em 2022.
No fim de 2023, surgiram rumores de que Horner estaria tentando afastar o influente consultor Helmut Marko do centro das decisões. Não conseguiu: o contrato de Marko foi então renovado até 2026.
Junto a tudo isso, somou-se o desgaste envolvendo o mesmo Horner e o pai de Max Verstappen, Jos Verstappen, que exerce grande influência na carreira do tetracampeão desde seu início, no kart.
Como se não bastasse, a disputa entre os medalhões ou a afetar ainda a relação com Adrian Newey. O renomado projetista avisou, então, que permaneceria leal à Red Bull no caso da saída de Horner. Horner ficou e Newey fez as malas e se mudou para a Aston Martin.
A crise ou a afetar ainda mais os resultados da equipe. Nas pistas, especialmente na segunda metade da temporada, o RB20 apresentou graves problemas de desempenho, e o título de Verstappen no Mundial de Pilotos foi conseguido a duras penas, graças ao seu talento, com o qual soube istrar a pressão de Lando Norris e da McLaren, que levou o Campeonato de Construtores.
Com o tetra garantido aos trancos e barrancos, a temporada de 2025 iniciou cautelosa, mas também esperançosa de que conseguiria acertar em cheio o projeto de um carro competitivo, que levasse a Red Bull a reagir.
adas duas etapas, o que se vê, no entanto, é o desempenho inconsistente do RB21, com a equipe atordoada para achar uma solução rápida para os problemas que não param de se acumular.
Como primeira tentativa de reversão do quadro, a Red Bull escalou Yuki Tsunoda para se tornar o novo companheiro de Verstappen a partir do Grande Prêmio do Japão do próximo fim de semana, rebaixando Liam Lawson à equipe júnior Racing Bulls.
Outra medida foi a realização de uma reunião de emergência – ou de “crise” – na última quinta-feira, na fábrica de Milton Keynes.
O assunto? Ouvir de Verstappen as sugestões para melhorar o desenvolvimento do RB21. Além do piloto, estavam Christian Horner e equipe técnica. Helmut Marko não participou.
Se haverá solução a curto prazo para aperfeiçoar o aparentemente “touro indomável” é o que todos estão esperando para ver.
Helmut, contudo, reforçou que é impossível dar a volta por cima rapidamente com um carro tão difícil. “Mas ainda temos confiança. Sendo realistas, as próximas três corridas continuarão muito difíceis para a Red Bull”, destacou, afirmando que a falta de desempenho do RB21 está relacionada diretamente à saída de Adrian Newey.
“Claro, estamos sentindo falta de um homem como ele. Newey é Newey”, resumiu.