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Verstappen x Senna: a chuva é o fiel da balança?

O primeiro elemento (a chuva, ou melhor, o dilúvio) já dava mostra, desde o dia anterior, que a situação em Interlagos seria crítica

João Luiz da Fonseca

04/11/2024 14h02

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FOTO: NELSON ALMEIDA / AFP

O Grande Prêmio de São Paulo deixou em evidência uma combinação de três elementos que até a manhã de domingo ninguém imaginaria misturar num mesmo caldeirão: Chuva, Senna e Verstappen.

O primeiro elemento (a chuva, ou melhor, o dilúvio) já dava mostra, desde o dia anterior, que a situação em Interlagos seria crítica durante todo o fim de semana.

Já na tarde de sábado, o caos se instalou no autódromo, impedindo a sessão de classificação que seria realizada no período da tarde, e que teve que ser transferida para a manhã de domingo.

E toda a programação do dia do GP precisou ser alterada pela organização, incluindo o horário da homenagem programada para o ídolo Ayrton Senna (nosso segundo elemento do caldeirão).

A McLaren MP4/5B que deu o título ao brasileiro em 1990, foi exibida mais cedo, em cinco voltas na pista pelo agora também ídolo e cidadão brasileiro honorário, Lewis Hamilton. O desfile arrancou aplausos e lágrimas do público, que apesar da chuva lotou as arquibancadas de Interlagos, eterno palco de homenagens ao tricampeão.

Pouco antes da exibição, o processo de definição do grid já dava uma palhinha do que seria a corrida.

Após cinco bandeiras vermelhas e interrupções nas três partes do quali, Lando Norris ficou mais uma vez com a posição de honra na largada e se encheu de moral.

E no meio ao caos estava Verstappen, o terceiro elemento em questão. Ninguém imaginava, há 4 meses, quando o holandês venceu o Grande Prêmio da Espanha – o sétimo triunfo em 10 corridas no ano -, que ele e a Red Bull chegariam a Interlagos não só ameaçados pelos títulos de pilotos e construtores, como iriam enfrentar toda sorte de problemas.

Porém, a realidade foi essa para a equipe austríaca. Max já chegou penalizado em cinco posições no grid da corrida principal. E como desgraça pouca é bobagem, na qualificação fechou apenas em 12°, prejudicado por uma batida de Lance Stroll no fim do Q2, e cumprindo a pena largou na 17ª posição.

Antes disso, no sábado Max até que lutou, e fechou a sprint em terceiro. Mas acabou logo depois tomando outro balde de água fria (pra quem já estava na chuva….), perdendo mais 5 posições por não ter desacelerado sob o safety car virtual. Com o resultado, o holandês caiu para o quarto lugar na classificação e Charles Leclerc herdou a última vaga no “pódio” da corrida rápida.

Nessa altura do campeonato, a diferença que um dia já foi de mais de 150 pontos na classificação de pilotos, caiu para apenas 44 para o vice-líder, Lando Norris.
Partindo para a corrida principal com a faca e o queijo na mão, o britânico tinha tudo para fazer a lição de casa e aumentar a vantagem.

Quem iria duvidar, pouco antes da largada? Com ​​Norris na pole e Max lá no fundão, parecia mesmo que o dilúvio não ia impedir o campeonato de pegar fogo.

Mas veja bem: chuva e Max Verstappen foram sempre uma combinação boa. Vimos isso em 2016, também aqui no Brasil, quando ele foi de 16º para 3º.

Desta vez a performance foi ainda mais incrível, com o holandês saindo de 17º e voando (ou nadando) para o topo do pódio. E ainda viu Norris despencar para o sexto lugar.

É nessa parte que os três elementos se combinam para fazer sentido.

“Penso em Ayrton Senna, em quão bom ele era na chuva. Todo mundo sabe como ele dominou o resto do grid na chuva em Donington em 1993, por exemplo. Então, quem dos dois é o melhor na chuva?”, questiona Helmut Marko, consultor da Red Bull.

“Acho que não há uma resposta para isso. Mas o que eu ouso dizer é que Max está pelo menos no mesmo nível de Senna quando se trata de dirigir na chuva”, avalia.

Ambos são fenômenos por si só. E desde pequenos aprenderam muito sobre como dirigir em uma pista molhada.

Senna, quando era garoto e corria de kart, sempre teve dificuldades na chuva. Ele praticava, praticava, praticava. Até que ficou cada vez melhor nisso, transformando a pilotagem em pista molhada em uma habilidade adicional.

“Verstappen tem um controle de carro incrível, especialmente na chuva”, comparou Marko, enfatizando que essa habilidade permite que ele, como Senna no ado, explore limites que outros muitas vezes não ousam explorar.

Qual dos dois é o melhor na chuva será sempre uma incógnita. São tempos diferentes, carros diferentes.
Apenas uma coisa é certa agora: depois do show aquático em Interlagos, a luta pelo título entre Verstappen e Norris acabou.

Teoricamente, Lando ainda pode se tornar campeão? Pode!

Mas depois dessa performance e com uma diferença de 62 pontos no mundial de pilotos, Marko deixa de lado o cuidado com que comparou seu piloto a Ayrton Senna e afirma sem moderação: “O título mundial agora está ao seu alcance”.

“É o melhor do mundo no momento”, acrescentou Christian Horner, o ‘manda-chuva’ da Red Bull.

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