Dando continuidade ao tema iniciado na semana ada, gosto de relembrar a fala de Luiz Joaquim Nunes, que estudou o tema da Inteligência Artificial em sua dissertação de mestrado. De acordo com Luiz: “Ela pode ser mecânica, como um robô, ou apenas digital, em forma de algoritmo, ter como objetivo dar uma resposta a alguém ou realizar uma operação por conta própria, e pode funcionar de modo que imite um ser vivo ou não. Cada uma dessas formas surgiu em um contexto e por um motivo diferente, mas todas são IA.”
Acredito que a questão do contexto é o que mais nos interessa, afinal, como psicólogos, sempre estamos interessados nos contextos. Neste sentido, é sempre bom lembrar que há anos temos o “fetiche” pelo tecnológico. Diversos são os filmes que retratam a ideia de uma inteligência que já foi robótica e agora é artificial.
Contudo, natural mesmo é a nossa inteligência. Mas afinal, o que é inteligência?
No dicionário de Psicologia (Associação Psicológica Americana, 2010, p. 521), pode-se encontrar a definição de inteligência como sendo a “capacidade de extrair informações, aprender com a experiência, adaptar-se ao ambiente, compreender e utilizar corretamente o pensamento e a razão”. Já de acordo com o Oxford Languages, inteligência é a capacidade de conhecer, compreender e aprender, adaptando-se a novas situações.
Assim, a inteligência artificial pode ser, a grosso modo, definida como uma solução que envolve um agrupamento de várias tecnologias, como redes neurais artificiais, algoritmos, sistemas de aprendizado, entre outros, que conseguem simular capacidades humanas ligadas à inteligência, ou seja, a capacidade de aprender e resolver problemas.
Seria então a IA mais uma ferramenta à disposição da psicologia?
Sim, penso que é uma ótima ferramenta que pode facilmente colaborar com diversas áreas do conhecimento do psicólogo e que, a exemplo da ciência da psicologia, pode contribuir com métodos próprios de investigação psíquica, eliminando, entre outras coisas, a militância que a cada dia aporta nos cursos de psicologia por todo Brasil. E com militância, quero deixar bem claro que me refiro tanto à esquerda como à direita, afinal, psicologia é uma ciência e não uma ideologia.
Com recursos da IA, acredito que podemos ter desde confecção de laudos até evoluções dentro do consultório muito mais precisas, aliando a inteligência humana à capacidade ilimitada dos computadores e suas mais diversas redes, de forma a proporcionar ao psicólogo todo um arcabouço de conhecimento baseado em casos e teorias dos mais diversos cantos do mundo.
Por mais que muitos possam dizer que isso já existe, lembro que o que temos é um arcabouço ilimitado de informações soltas nos mais diversos quinhões da rede mundial de computadores, e que com a IA, tudo isso seria disponibilizado considerando o contexto atual de nossos pacientes.
Fico aqui imaginando como seria uma sessão com Freud, sendo o atual Freud um personagem criado pela IA com base em todo conhecimento existente a respeito de Freud e sua técnica.
Bom ou ruim, certo ou incerto, o fato é que a IA chegou, e a exemplo de diversas outras tecnologias, não tem volta. Não adianta se recalcar, pois de recalque Freud entende…