Que o brasiliense é apaixonado pela cozinha italiana, todos já estão cientes. A capital federal é cheia de casas dedicadas às massas da nonna em diferentes estilos, mas, de todas elas, as cantinas (ou o mais próximo delas) são as que mais ganham meu coração. E é exatamente uma dessas que acaba de abrir na 409 Sul: a Cantina Gratinata.
Com consultoria e um cardápio assinado pelo premiado chef Ronny Peterson, a operação tem como foco atender grupos e famílias, seja pelo andar inteiro dedicado à brinquedoteca ou, como um bom italiano, pelas porções bem servidas. Todos os pratos do cardápio servem de duas a três pessoas e são precedidos de entradas igualmente generosas.
Na visita que fiz na pré-abertura da casa, iniciei o jantar pela bruschetta de cabra (pão italiano com queijo de cabra, pera caramelizada e parma – 5 unidades, a R$ 77) e o Steak Tartare com chips de batata (para duas pessoas – R$ 75).

Bruschetta costuma não ter muito erro, além do pão, que pode ser meio ressecado ou mole demais, daqueles que ficam desmanchando. Aqui, não aconteceu nem uma coisa nem outra. O pão estava firme, na medida certa, e a combinação da pera com o queijo ficou bem equilibrada. Gostei do tamanho delas: nem muito grandes a ponto de me satisfazer já de cara, mas também não tão pequenas. Já o steak tartare chegou com aquela gema perfeita e a carne bem picadinha, mas ainda com textura. Ronny já havia me conquistado com sua versão contemporânea do prato – com ovo de codorna – no seu próprio restaurante, Aroma, que segue como um dos melhores da cidade.
Nos principais, o capeletti de carne assado na fonduta de parmesão gratinada (R$ 126, para duas pessoas) ganha atenção assim que chega à mesa pela apresentação. O ponto da massa é, sem dúvida, um destaque, enquanto a carne do recheio consegue ficar nem muito seca, nem úmida demais. Falando em carne, o Polpetone gratinado com purê de batata (R$ 146, para duas pessoas) foi o auge da noite, pelo molho de tomate de produção própria, “pedaçudo” e com acidez equilibrada, além da casquinha externa que ele ganha ao ser gratinado, trazendo crocância e realçando o sabor da proteína. Esse é daqueles pedidos que você prova pela primeira vez sabendo que lhe fará voltar para comer novamente.

Na minha lista de desejos também ficaram: o risoto Barolo, com cubos de carne, radicchio e creme de queijo (R$ 148, para duas pessoas); a Costelinha de leitão temperada com mix de pimentas e ervas finas, assada à pururuca no forno a lenha (R$ 198, para duas pessoas); e o Fettuccine com ragu de ossobuco na fonduta de parmesão (R$ 138, para duas pessoas).
O que eu senti do menu e da proposta do ambiente é que a cantina e o Ronny decidiram apostar em pratos mais voltados para uma cozinha clássica, quase caseira e, ao mesmo tempo, com muita técnica de preparo envolvida. Rica em sabor, tempero e texturas, com montagens que remetem, sim, a preparos feitos na casa da avó para receber a trupe de netos. Gostei muito do formato e desse olhar do chef para um “resgate” de uma comida italiana mais “raiz” e menos piegas, sem cair só no famigerado filé com risoto.
Uma tradicional pera assada ao vinho ganhou um gelato fiore di latte (R$ 38) para acompanhá-la e fechou muito bem uma noite de apresentação que só trouxe boas impressões sobre o novo empreendimento.
Pelo que vi, a nova empreitada incorporou também a superadega que o antigo Bartô mantinha ali no ponto. Mais um destaque positivo pela grande variedade de rótulos com os quais é possível harmonizar almoços e jantares.
Cantina Gratinata
SCLS 409 Sul, Bloco C, Lj. 6 a 10. De terça a sábado, das 12h à 0h; domingos e feriados, das 12h às 17h.