Eu sempre fui rato de oficina. Daqueles que gostava de ver o conserto de perto. Gostava de perguntar por que que cada peça está ali. Gostava de trocar ideia com os mecânicos, rir das piadas entre eles. O fato é: oficina é um lugar que eu sempre me senti à vontade! O problema é que nem toda oficina se sente à vontade com gente que nem eu. No fundo, eu acho que eles pensam que a gente quer fiscalizar o serviço, ou como se a gente não confiasse no que eles estão fazendo. Na verdade, é só por que eu quero aprender mais sobre carros e motos e entender melhor suas engrenagens.
O que eu queria mesmo era poder usar a oficina e trocar as pastilhas de freio, o óleo, a junta do cabeçote, essas coisas. Fiz curso de mecânica, e aí, bater papo já não era tão legal e com o desconforto nítido dos mecânicos com tanta pergunta… fui me transformando em um consumidor comum. Deixava o carro ou a moto e depois ia buscar disfarçando desinteresse.
Eu (como muitos de nós) moro em um apartamento, o modelo americano de ter sua própria oficina na garagem fica muito distante, além do que ter tudo o que você precisa é um hobby bem caro no Brasil. Mas e se eu pudesse usar uma oficina completa quando eu quiser? E se lá houvesse outras pessoas para me ajudar ou me ensinar? E se lá tocasse um punk rock anos 90 e tiver cerveja gelada? Pois é, para mim, esse lugar é um pequeno paraíso e se chama Kluster Moto Hub & Community.
Um amigo, já faz um tempo, me convidou para conhecer a Kluster. Chegando na porta, tinha uma galera gente boa trocando ideia sobre motos e motores. Dentro do ambiente achei uma oficina completa, e a gente podia usar tudo! Pensei: “Que ideia genial”! A galera faz churrasco, compartilha projetos de customização, aprende sobre mecânica… é o paraíso para quem curte oficina.

Entrada da Kluster no SOF Norte. Foto por Aurélio Araújo.
Segundo o Zé Eduardo Lima, um dos sócios do local, a missão da Kluster é “disseminar o conhecimento técnico sobre motos e fomentar a ideia do ‘faça você mesmo’, buscando o engajamento de pessoas e a formação crescente de uma comunidade que conserta, mantém e customiza a própria motocicleta”. E ele não para por aí: “Nos consideramos uma comunidade que coloca a mão na moto, independente de marca, estilo ou cilindrada. Criamos e customizamos motos de acordo com a necessidade e/ou ideia de cada cliente e oferecemos o espaço, as ferramentas e o conhecimento de quem quer modificar ou consertar a própria motocicleta através de workshops, palestras e material didático”.

O espaço da Kluster também oferece peças e órios. Foto por Aurélio Araújo.
A ideia inovadora une paixão por motos, mecânica e a visão empreendedora de uma geração de Brasília cada vez mais criativa. Você pode tanto pode se associar ou apenas alugar o espaço por um preço bem justo. Na Kluster, a gente pode lavar a moto, fazer a manutenção básica, pintar peças e órios, usar soldas MIG e oxi-acetileno, trabalhar com fabricação em metal, realizar consertos mecânicos e elétricos com as ferramentas do local.
Para mim, isso é terapia! É tentar instalar um seta nova e ar a tarde inteira fuçando para chegar no resultado final, feito por você mesmo (com ajuda deles é claro); sem medo de perguntar, de colocar a mão na massa, de errar e, ainda sim, aprender com o erros.
Do it yourself! Faça você mesmo!