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Histórias da Bola
Histórias da Bola

Papo de boteco

Gustavo Mariani

07/09/2022 9h42

1 – Na década-1960, a juventude tinha por uma de duas ondas explodir o “chiclete-bola”. Rolava os inícios de 1968 e o Palmeiras contratou o treinador Alfredo Gonzalez, que pediu o reforço de um centroavante da Paraíba. Quase matou de susto os cartolas palmeirenses. Pior anda quando disse que o nome do carinha era Chiclete. Um dos diretores, Orlando Ferri, indagou: “Não é o chiclete-bola, não, é?” Não, mesmo! Só era bom de bola. Chamava-se José Everardo Morais, defendia o Treze de Campina Grande, tinha 22 anos de idade e jamais saíra do Nordeste. Ficou assustado com o tamanho do Parque Antártica (antigo estádio do Palmeiras), da capital paulista e com medo de se perder pela cidade grande. Então, o “Verdão” o instalou à Rua Caraíbas, em frente ao seu campo de treinamentos. Durante o primeiro treino, Chiclete marcou três gols em cima do time titular. De molequeira, os pernambucanos Gildo, Rinaldo, Zequinha e Minuca chegaram pra ele, dizendo: “Honrou o Nordeste, cabra! Vamos leva-lo pra comer uma macacheira frita, ali do lado, no boteco de um paraíba amigo nosso”. Quando recebeu o primeiro bicho por vitória, Chiclete achou que haviam errado na conta: Cr$ 200 cruzeiros (moeda da época), o valor do seu salário mensal no futebol paraibano.

2 – A Copa do Mundo-2014 foi um bom negócio para Brasília. A cidade sediou sete jogos, assistidos por 478.218 torcedores, à média de 68,3 mil por partida. A receita ficada foi de R$ 1,3 bilhão, gastos por 633 mil almas, sendo 488,903 turistas nacionais e 143,743 internacionais. O R$ 1,3 bilhão representou R$ 400 milhões acima do projetado pelo Ministério do Turismo. Das pessoas que vieram a Brasília, 60% tinham entre 20 e 40 anos de idade, e a média de permanência na cidade foi de 4,1 dias. A maior parte dos visitantes veio de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Paraná e do Rio Grande do Sul. Os estrangeiros foram de 87 nacionalidades, sendo 29% da Colômbia, 15% da Argentina; 10% dos Estados Unidos e 5% da França. Isso provocou um aumento de 55% nas operações no aeroporto JK, devido a 870 pousos e decolagens.

3 – Os preços dos antigos es de jogadores de futebol brasileiros começaram a subir à estratosfera partir de 1972, quando o Vasco da Gama pagou Cr$ 3 milhões de cruzeiros (moeda da época) pelo meia-atacante Tostão (Eduardo Gonçalves de Andrade), o então maior ídolo da torcida mineira do Cruzeiro. O Tostão que valia tantos milhões desembarcou no Rio de Janeiro, em 15 de abril de 1972, sendo recebido por mais de 10 mil torcedores vascaínos, no aeroporto do Galeão. Mas foi uma festa de curta duração, só até 27 de fevereiro de 1973, quando fez seu último jogo, contra os Argentinos Juniors. Havia estreado em 7 de maio do ano anterior, nos 2 x 2, com o Flamengo, pelo Campeonato Carioca. Totalizou 45 partidas e deixou só seis gols na conta. Pouco depois de ter encarado os “herrmanos”, as “três milhas” pagas pelo Vasco foram para o espaço. O médico Roberto Abdalla Moura proibiu Tostão, em Houston, nos Estados Unidos, de continuar jogando futebol, devido ao descolamento de retina, sofrido em 1969. Assim, em 17 de maio de 1974 o contrato foi cancelado pelo Vasco, gerando briga judicial, com o clube um querendo indenização e o atleta receber o que achava que ainda tinha direito – Tostão ganhou. Nascido em 25 de janeiro de 1947, em Belo Horizonte, campeão mineiro, pelo Cruzeiro, em 1965/66/67/68/69/1972, e da Taça Brasil de l966, além de campeão mundial em 1970, pela Seleção Brasileira, Tostão foi, também, campeão de inflação no valor dos es dos jogadores brasileiros.

4 – O Campeonato Carioca Juvenil-1966, foi a primeira conquista de Mário Jorge Lobo Zagallo, como treinador. Havia estreado em 1965 e a missão do ano seguinte era recuperar o título, perdido para o Flamengo. Conseguiu, com a sua garotada alvinegra a um ponto de frente sobre o rival. Mas o “Urubu”, que ainda não tinha este apelido, carimbou a faixa dos campeões, com 2 x 0, na última rodada. O Botafogo fez campanha regular, marcando 47 tentos e a defesa (menos vazada) sofrendo 10, em 22 jogos. Totalizou 35 pontos ganhos e 9 perdidos, com 16 vitórias, 3 empates e 3 derrotas, enquanto o Flamengo somou 34 pontos e 10 perdidos, em segundo, com o ataque mais (50 gols), deixando o Vasco em terceiro, com 14 pontos perdidos, seguido de América (16); Bangu (20); Bonsucesso (21); Fluminense (22); Olaria (24); São Cristóvão (28); Portuguesa (30); Madureira (33) e Campo Grande (37). Para carregar o caneco, Zagallo escalou, em algumas partidas, atletas que já jogavam pelo time A, casos de Chiquinho, Carlos Alberto, Zélio e Afonsinho.

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