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Histórias da Bola
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Terrível Vastafogo

Cariocas juntam vascaínos e botafoguenses para golear argentinos

Gustavo Mariani

27/12/2022 9h39

O ‘Vastafogo’ de 1968. Foto: acervo

Em 1968, o Botafogo tinha o time mais forte do futebol carioca. Foi bicampeão estadual e da Taça Guanabara, que era disputada à parte. Lhe enchendo o saco estava o Vasco da Gama. Razão mais do que politicamente malandra para a então Confederação Brasileira de Desportos – atual CBFutebol – fazer uma média com a Federação Carioca de Futebol e lhe entregar a convocação de uma equipe para enfrentar a Argentina, amistosamente, no Maracanã. Já que o Botafogo era o tal do pedaço, o treinador encarregado de comandar a a rapaziada foi o dele, o glorioso Mário Jorge Lobo Zagallo, que completou a patota com uma vascainagem.

Era noite do 7 de agosto quando 39.375 pagantes compareceram ao “Maraca” para saber que rolo o “Vastafogo” iria arrumar. Quando o árbitro Armando Rosa Nunes Castanheira Marques, o então número 1 do país, apitou início de pugna, a camisa canarinha estavam sendo vestida por oito botafoguenses – Moreira, Leônidas, Waltencir, Carlos Roberto, Gérson, Roberto Miranda, Jairzinho (foto) e Paulo César Lima – e dois cruzmaltinos – Brito e Nado – aumentados para três, no segundo tempo, com a entrada de Ney Oliveira, substituindo Roberto. Só o goleiro era “alienígena à vascofogagem”, Félix, do Fluminense, indiscutivelmente, o melhor do “ErreJota”.

Bola pra lá, bola pra cá, até os 13 minutos, “los hermanos” ameaçaram encarar a “anfitrionada”. Então, o lateral-esquerdo alvinegro Waltencir avisou-lhes que era por ali: bola na rede, Brasil 1 x 0. Faminto, o time do Lobo beliscou mais um, pelo também botafoguense Roberto Miranda, aos 27. E foi só, no primeiro tempo.. Veio a chamada etapa complementar e, aos 11, Jairzinho, que à época a imprensa carioca o apelidava por “Imperador”, escreveu mais: Brasil 3 x 0. E a moçada chegou aos inimagináveis 4 x 0, aos 22 minutos, por conta de Paulo César Lima, o apelidado “Caju”, tempo depois, por conta de cabelos pintados naquele tom. Farra total entre os torcedores botafoguenses, aplaudindo só gols da sua patota – aos 44 (89 minutos, como quer a FIFA), o visitante decontou, por intermédio de zazgueiro Alfio Basile, que foi, mais tarde, um dos grandes teinadores argentinos de 12 times de sua terra, mais um mexicano e um espanhol, entre 1976 e 2012. Comandou, também, a seleção argentina, de 1991 a 1994, e de 2007 a 2008.

Naquela peleja de incríveis Brasil 4 x 1 Argentina, o “Vastafogo” alinhou: Félix; Moreira, Brito, Leônidas e Waltencir; Carlos Roberto e Gérson; Nado, Roberto Miranda, Jairzinho e Paulo César Lima. No decorrer do prélio, ainda adentrou ao gramado o flamenguista Murilo, na vaga de Moreira.

Aquela, no entanto, não foi a primeira vez em que vascaínos e botafoguense se juntaram pra sacanear argentinos. Em janeiro de 1960, eles venceram o River Plate, por 6 x 1, amistosamente, também, no mesmo Maracanã. Na verdade, o “match” não levou um “Vastafogo” para dentro das quatro linhas, mas um selecionado carioca que contou com os defensores cruzmaltinos Bellini e Coronel, e o atacante Almir Albuquerque, bem como com os botafoguenses Garrincha e Quarentinha. E todos os gols foram “vastafoguenses”: Almir (2), Quarentinha (2) e Garrincha (2).

Comandado pelo treinador Tim (Elba de Pádua Lima), o time tinha, ainda, o goleiro Castilho, o lateral Altair e o atacante Telê Santana, do Fluminense; apoiador Amaro, do América; o zagueiro Zózimo, do Bangu, e o ponteiro-esquerdo Babá, do Flamengo. No decorrer da contenda, saíram Castilho, Amaro, Telê e Almir, e entram Ubirajara e Décio Esteve (Bangu), Rubens e Pinga (Vasco).

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