Em meio à overdose digital — em que o consumidor médio é exposto a mais de 10 mil estímulos publicitários por dia — o que realmente gera impacto não é mais o clique, o like ou o share. É a presença física.
As redes sociais estão saturadas, os algoritmos perderam a graça e o conteúdo virou commodity. A publicidade, ruído. E o que corta esse ruído hoje é o que se vive, o que se toca, o que se sente.
É nesse cenário que os eventos ressurgem, não mais como e promocional, mas como uma nova mídia estratégica — com potencial de gerar autoridade, reputação, desejo e relacionamento em tempo real.
De acordo com o Edelman Trust Barometer 2024, 67% dos consumidores afirmam confiar mais em marcas que oferecem experiências presenciais autênticas do que em anúncios digitais tradicionais. A explicação vai além do encantamento: a presença física se tornou uma das últimas fronteiras de atenção genuína e vínculo emocional.
O marketing deixou de ser discurso. Agora, precisa ser vivido.
Philip Kotler tem insistido: “a experiência do cliente é o novo campo de batalha das marcas.” Em sua visão mais recente sobre o novo marketing, ele destaca a necessidade de reconstruir a confiança com base em valores humanos, propósito e entrega tangível de valor.

A publicidade que se limita à performance está com os dias contados. Marcas que desejam ser lembradas — e não apenas vistas — precisam criar experiências onde o discurso encontra a prática. E isso acontece, cada vez mais, fora das telas.
Eventos hoje são uma síntese poderosa de branding, conteúdo, influência e comunidade. Em um único espaço-tempo, é possível entregar identidade, estética, valor simbólico, repertório e relacionamento — sem interrupção, sem intermediação de algoritmo, sem competir com outras 30 abas abertas.
O cliente quer mais do que o evento entrega
Mas não se trata apenas de fazer um evento “bonito”. O consumidor de 2025 é mais exigente, mais seletivo e traz na mente uma pergunta clara: “o que isso me entrega para além da experiência?”

O novo marketing de experiência não se satisfaz com fotos no Instagram e brindes personalizados. Ele é orientado pela transformação:
• Um insight que muda o jeito de pensar.
• Uma conexão que vira oportunidade.
• Um objeto que representa um valor.
• Um momento que vira história — e permanece.
O evento precisa ser memória em construção e valor em movimento. Marcas que entendem isso estão criando vivências com conteúdo relevante, estéticas que inspiram e espaços que refletem estilo de vida — não apenas produto.
Marcas que estão entendendo o poder da presença
Não por acaso, algumas das marcas mais inovadoras do mundo estão direcionando esforços e orçamento para o presencial:
• Nike organiza corridas urbanas, clubes locais e experiências comunitárias em grandes cidades. O foco não é vender produtos — é criar cultura. As pessoas saem dos eventos não só com endorfina, mas com pertencimento.
• Glossier reabriu suas lojas físicas com espaços instagramáveis, oficinas e atendimento personalizado. As lojas se tornaram destinos — lugares onde a marca se encarna e se compartilha.
• Louis Vuitton, com exposições como LV Dream, transforma o luxo em arte e experiência sensorial. O visitante não sai apenas com desejo de consumo — sai com uma narrativa expandida sobre o que é o luxo contemporâneo.
• Festival Path, no Brasil, mistura inovação, talks, cultura e marcas com propósito. Não é apenas um evento — é um ecossistema vivo que fortalece reputações, ativa territórios e gera valor em múltiplas dimensões.
Esses exemplos mostram como o marketing está sendo ressignificado. O que antes era campanha, hoje é construção de território simbólico. O que antes era anúncio, agora é espaço de troca.

O evento como canal de reputação, autoridade e desejo
Eventos têm algo que nenhuma rede social oferece: intensidade emocional. Criam memória afetiva, vínculo espontâneo, compartilhamento orgânico.
• O cliente vira influenciador sem roteiro.
• A imprensa vira amplificadora legítima.
• A marca vira conteúdo vivo.
E mais importante: o evento é o único canal onde branding, relacionamento, mídia espontânea e geração de negócios acontecem simultaneamente — e com profundidade.
Enquanto muitas marcas ainda insistem em campanhas programadas para impressionar, outras já entenderam que o novo diferencial é ser inesquecível. E isso não acontece no feed. Acontece no encontro.
O que isso muda para o branding e para os negócios?
Tudo.
Se a presença virou privilégio, o papel da marca é fazer valer o tempo, o deslocamento, a entrega emocional e o desejo de viver algo significativo.
Eventos se tornam ferramentas de aceleração de marca, escuta qualificada e ativação de comunidade. E mais: são pontos de inflexão reputacional — um evento bem feito pode posicionar a marca por anos; um mal executado, arruinar em segundos.
Além disso, o retorno do offline dialoga com uma tendência mais ampla: a busca por experiências conscientes, lentas, contextuais e afetivas. O boom de cafés autênticos, baladas matinais, retiros de bem-estar, clubes de leitura e até bibliotecas que proíbem o uso de celular mostra que o consumidor quer mais do que conexão — ele quer significado.
Marcas que entenderem isso sairão na frente. As que resistirem, continuarão sozinhas, gritando no digital.
No fim das contas…
O futuro da publicidade não está nos anúncios que te perseguem. Está nas experiências que você persegue — e que deixam marcas reais.
Eventos são a nova mídia porque nos lembram do que é essencial: estar presente.