Todos temos várias versões de nós mesmos, mas quantas delas mostramos ao mundo? Para explorar esse tema, convidei Alexandre Adas para o meu podcast desta semana. Ele é multiartista cênico: ator, dançarino, circense, cantor, performer, pesquisador cultural e muito mais.
Ele compartilha: “Olhar no espelho é essencial para mim. Entendo porque nossos povos originários trocavam madeira por espelhos. Eu lido com uma disforia que me faz sentir ora grande, ora pequeno, ora violento, ora frágil, ora branco, ora negro, ora indígena, ora masculino, ora feminino. Se não tiver um espelho limpo, sincero e plano, que reflita minha imagem de forma honesta, acabo me distorcendo e me perdendo de mim mesmo.
Mas qual espelho é o mais sincero? Como saber se o que vejo é realmente quem eu sou? Meu espelho é o outro, que me diz: ‘Sim, este é seu reflexo’ ou ‘Não, você não é assim’. Sempre me refiro ao olhar, à aprovação, ao afeto ou à repulsa do outro. O outro é meu espelho. E se o outro não é sincero, como posso garantir que minha imagem é real e não distorcida?
Na incapacidade de confiar totalmente nos espelhos físicos e nos outros, sinto que preciso confiar nas minhas próprias distorções, abraçar minha disforia e ser múltiplo, ser sonho, ser quimera! Vivo as possibilidades de quem sou, atento ao que ainda não fui, para que eu possa ser amoroso e desapegado do que já fui. Mil faces, mil corpos, mil personas surgirão e eu não me prenderia a uma falsa ideia de mim mesmo por mais tempo do que ela existe. Serei sempre o mesmo, a mesma, sem rótulos, apenas vivo e sigo vivendo cada experiência e cada encontro como se fosse o primeiro, como se fosse o último. Certo de ser verdadeiro, sendo livre para ser inteiro.”
Intenso, não é? Quer conhecer mais sobre esse ser humano incrível e descobrir o que mais ele tem aprontado? Então não perca o 11º episódio do podcast, disponível no link abaixo.
E, Alexandre, muito obrigada pela troca e exposição. Foi um enorme prazer conhecê-lo melhor.
