Levamos tudo para a cama. Nossa relação com os pais, problemas de trabalho, contas a pagar, insatisfações pessoais, medos, inseguranças. Cada um de nós somos influenciados por nossa bolha: novelas, desenhos e filmes que assistimos, ambientes que frequentamos, músicas que gostamos de ouvir e dançar, roupas, cabelos, maquiagens, estilo, tatuagens (ou a ausência delas), regras familiares em relação a ser homem ou mulher… quase tudo que somos e como nos expressamos é influenciado pelo contexto e afeta de forma relevante nossa relação com nós mesmos e com o outro entre quatro paredes — e também fora delas.
Todavia, nem todo mundo se sente satisfeito em como a sociedade alimenta ou incentiva determinados comportamentos sexuais, e a terapia sexual — ou, no meu caso, psicoterapia sexual, já que também me formei em Psicologia — é um espaço que tem como propósito o tratamento e acolhimento dessas questões. Ou seja, o profissional da área tem como objetivo auxiliar aquela pessoa que não se sente saudável ou satisfeita com alguma questão na própria sexualidade, independente de gênero e orientação sexual, a se sentir melhor e mais feliz consigo mesma, apesar das inconstâncias e surpresas da vida.
Ejaculação precoce e disfunção erétil, por exemplo, são demandas comuns no caso de pessoas com pênis. Essas disfunções surgem como sintoma de algo que pode ser emocional ou físico, ou uma mistura de ambos. Ansiedade de performance, excesso de autocobrança e baixa capacidade de frustração, por exemplo, podem contribuir para estes problemas, assim como sedentarismo, problemas financeiros e problemas de saúde causados por tabagismo, álcool e outras drogas. No caso de pessoas com vagina, baixa ou ausência de desejo, vaginismo, dor na relação, falta de repertório sexual, inseguranças com o corpo, entre diversas outras coisas, também podem trazer problemas.
É importante ressaltar que vão existir fases da nossa vida em que alguns problemas podem afetar mais ou menos esses sintomas sexuais.
Muitos dos sintomas que aparecem na terapia surgem também por conta de inadequações relacionadas a como as pessoas envolvidas se sentem adequadas ou não diante das situações ali apresentadas, como quantidade sexual ideal; amorzinho versus sexo selvagem; fetiches e fantasias; significado de sexo e amor; o que é ser casado ou namorar; ser ivo ou ativo. São muitas as expectativas e realidades quando falamos de casamentos e/ou relações entre pessoas, e o espaço terapêutico também é um ótimo lugar para se alinhar essas expectativas.
Inclusive, super indico um intensivo sobre intimidade sexual para você que vai se casar ou se juntar. É um assunto mais que necessário que ninguém nos ensinou e que pode te poupar muita frustração futura: pornografia de um lado, excesso de romantismo do outro, homens sendo educados para serem pegadores, e mulheres, para serem princesas… claramente uma conta feita para dar errado, e o resultado disso transborda quando o assunto é expectativa e prazer. Quando se dão conta, a relação está super estranha e morna, sem afeto, carinho, iração e sexo, porque não houve um alinhamento de expectativas anteriormente.
“Ah, mas pra que conversar de algo que deveria ser fluido e fácil">