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As enchentes no Sul e a inundação de fake news

A informação correta é crucial em grandes tragédias para socorro às vítimas. Entenda como identificar uma notícia falsa.

Luana Tachiki

16/05/2024 10h43

Fake News. Foto de Banco de Imagens

Banco de Imagens

Nos últimos dias, o Brasil foi testemunha de uma das piores catástrofes naturais que assolaram a região sul do país. O lago Guaíba, em Porto Alegre, atingiu uma altura recorde, ultraando os registros das inundações de 1941. Imagens impactantes mostraram pessoas perdendo tudo, desde seus pertences materiais até entes queridos e animais de estimação. Essas cenas comoventes ecoaram pelo mundo, mostrando o desespero das vítimas tentando sobreviver às águas torrenciais da enchente. Artistas, juntamente com autoridades responsáveis pelo resgate, mergulharam de cabeça nessa operação de salvamento, demonstrando uma coragem e determinação que emocionaram não apenas o Brasil, mas também o mundo.

No entanto, em meio ao caos provocado pelo desastre natural, afogamentos, perdas e desespero, as más notícias não se limitaram às previsões pessimistas de mais chuvas e aumento do nível das águas nas áreas mais afetadas do sul do país. Uma outra inundação, desta vez de notícias falsas, inundou as redes sociais, desrespeitando ainda mais as vítimas dessa tragédia devastadora. Isso dificultou ainda mais o trabalho das equipes de resgate, que já estavam lutando para salvar vidas e encontrar abrigo para os sobreviventes.

Fake News. Foto de Banco de Imagens
Banco de Imagens

Um levantamento conduzido pela Quest/Genial, entrevistando 2.045 pessoas em 120 municípios entre os dias 2 e 6 de maio, revelou que 31% dos entrevistados afirmaram terem recebido algum tipo de notícia falsa relacionada às enchentes no Rio Grande do Sul.

Nos últimos anos, as “fake news” têm ganhado destaque e se tornado uma prioridade nas discussões do Supremo Tribunal Federal (STF) e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), à medida que as repercussões da desinformação prejudicam não apenas os esforços de socorro, mas também minam a confiança nas operações de resgate coordenadas pelas equipes de segurança.

Homem em frente à tela de computador, avalia gráficos. Banco de Imagens
Banco de Imagens

Como identificar uma fake news?

Para discernir entre notícias falsas e informações legítimas, é importante procurar evidências sólidas e dados de fontes confiáveis, como sites oficiais e veículos de imprensa respeitáveis. Além disso, é crucial manter um olhar crítico sobre vídeos e áudios que circulam nas redes sociais, especialmente aqueles que carecem de identificação de datas, locais e fontes. A técnica do FENEH (Fatos, Evidências, Números, Estatísticas e Histórias) pode ser útil para verificar a veracidade das informações, buscando fontes oficiais como órgãos governamentais e instituições reconhecidas.

Para ajudar a combater a propagação de informações falsas, é importante estar ciente dos boatos e rumores que circulam. Abaixo estão alguns exemplos de fake news relacionadas à tragédia no RS, acompanhados de esclarecimentos sobre sua veracidade.

1- É fake –– áudio de homem, que supostamente trabalha na rede de distribuição de energia da região, cogita apagão em Porto Alegre e região Metropolitana.

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

2- É fake –– vídeo de gados arrastados pela correnteza. Esse vídeo é antigo. Veja:

https://youtu.be/2HtK_BFpmRw?si=mgmdTKY5a3XVeUGo


3- É fake –– vídeo que circula nas redes sociais falando que 300 corpos foram encontrados em Canoas durante evacuação. Nele, ainda há uma projeção de mais de 2 mil mortos.

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

4- É fake –– Luciano Hang, CEO da Havan, enviou mais helicópteros ao Rio Grande do Sul que a Força Aérea Brasileira. Circula imagem com foto do empresário junto à legenda contendo esta “informação”.

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

5- É fake –– Informação de que bombeiros estavam escondendo jet skis em Nova Santa Rita (RS). Homem aparece narrando na imagem: “olha, os jet skis zeradinhos. Pode contar, tem oito jet skis. […] As pessoas morrendo […] e os jet skis parados, tão indo guardar, esse é o nosso Brasil…”

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

6- É fake –– ONG de Dunga teve doações barradas, no Rio Grande do Sul, por falta de nutricionista. A Brigada Militar não barrou os mantimentos doados por falta de nutricionista.

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

7- É fake –– a proibição ou burocratização da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) sobre doações de medicamentos destinados ao Rio Grande do Sul. Vídeo de médico gaúcho foi tirado de contexto, após apelo viralizar. No vídeo, o médico pede à Anvisa que desburocratize o transporte dos produtos. Mas não houve nenhum impedimento por parte da autarquia que barrasse o transporte dos medicamentos.

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

8- É fake –– Exército enviou apenas 3 helicópteros para resgate das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul. Circula, nas redes sociais, áudio de uma mulher narrando: “o Exército está ajudando quase nada. (…) Mandaram 2 ou 3 helicópteros para atender todo o Rio Grande do Sul.”

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

9 – É fake –– a morte de nove pacientes em UTI, em Canoas, durante inundação. Publicação nas redes sociais alega que nove pacientes da Unidade de Tratamento Intensivo (UTI) do Hospital de Pronto Socorro de Canoas morreram após o local ser inundado por chuvas que atingiram o Estado.

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

10 – É fake –– Boato de que Madonna doou a bagatela de R$ 10 milhões para ajudar as vítimas da tragédia no Rio Grande do Sul. No entanto, não há evidência que comprove tais afirmações. Em nota, a Secretaria de Comunicação do Governo do Rio Grande do Sul informou que “não há nenhuma confirmação deste recebimento no pix oficial do governo”.

Fake News sobre tragédia no RS. Reprodução Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.
Reprodução: Lupa, plataforma de combate à desinformação por meio do fact-checking e da educação midiática.

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