Menu
Brasília 65 anos!

Um jornal premiado e engajado

O JBr também é fonte documental para pesquisas sobre a história da população, especialmente por abordar a vida diária nas regiões istrativas do DF

Vítor Mendonça

21/04/2025 5h00

chamada primeira capa jbr (2)

Foto: Vítor Mendonça/Jornal de Brasília

cab brasília 65 anos

O teor de consulta pública que o acervo do Jornal de Brasília oferece, que já existia antes da parceria com o Arquivo Público, agora será ampliado. Para além do valor histórico, as publicações também são fonte para pesquisas acadêmicas. É o caso do projeto Outras Brasílias, coordenado pela professora Cristiane de Assis Portela, do Departamento de História da Universidade de Brasília (UnB).

Juntamente com um corpo docente de renome na capital, no Brasil e no mundo – que inclui historiadores e sociólogos –, além de estudantes universitários, o projeto tem como proposta “compreender, debater e desenvolver estratégias didático-metodológicas para o uso de fontes documentais no ensino de história do Distrito Federal” a partir da “produção e do debate sobre a construção de uma nova historiografia do DF”. Nesse sentido, o JBr contribui para a compreensão da história de Brasília a partir de diversas perspectivas em diferentes períodos.

“Quando pensamos na história, não podemos voltar no ado e reviver acontecimentos, então trabalhamos com os vestígios, que são os registros que foram deixados. E sem dúvida o Jornal de Brasília deixa registros que são muito valiosos”, afirmou a professora Cristiane. “Estamos em um momento histórico ao vislumbrar a possibilidade de tornar todo esse acervo ível a um público mais amplo.”

Dentro do veículo, ela destaca haver dois importantes objetos de estudo dos registros: tanto o próprio jornal impresso, com a identificação dos repórteres, colunistas, acontecimentos e os sujeitos que protagonizaram reportagens no decorrer das décadas, quanto as fotografias do acervo do JBr.

“Esse acervo fotográfico está muito bem conservado e isso nos impressiona, nos deixa muito felizes como pesquisadores, porque desde as edições impressas de dezembro de 1972, vemos que houve um cuidado muito valoroso por parte dos servidores que estiveram à frente do Jornal de Brasília. Esse material traz uma riqueza de detalhes que vai favorecer enormemente as pesquisas”, ressaltou.

Voz às regiões e à democracia

A professora Cristiane esteve na sede do JBr acompanhada de sete alunos dos cursos de História, Ciências Sociais, Jornalismo e Pedagogia, que compõem o grupo de estudos de 20 pessoas, para explorar o acervo de fotos e reportagens produzidas desde 1972, com especial foco em reportagens que davam voz e vida às regiões istrativas do Distrito Federal.

Dentro do projeto Outras Brasílias, a equipe especificou o interesse de estudo, buscando lugares e sujeitos que estavam envolvidos e engajados nas lutas pela democracia no DF. “É a partir desse projeto, apoiado e financiado pelo Iphan [Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional], que temos feito essas pesquisas e mapeado os momentos históricos, desde a construção de Brasília até o momento da redemocratização [em 1988]”, explicou.

“Estamos em uma etapa em que a década de 70 tem sido o foco, então viemos ao Jornal de Brasília. É um trabalho de garimpagem dentro de um acervo enorme e não temos dúvida de que muitas coisas vão nos surpreender dentro dessa pesquisa. Estamos encantados com o acervo, que é muito precioso e que já está nos trazendo muitas surpresas”, disse.

Prêmios e reconhecimento

  • Ao longo de sua trajetória, o Jornal de Brasília foi privilegiado ao ter grandes nomes do jornalismo em sua redação — alguns dos quais receberam grandes prêmios pelo bom jornalismo desempenhado.
  • Entre os destaques, está o Prêmio ESSO de Jornalismo (posteriormente chamado de Prêmio ExxonMobil de Jornalismo), principal premiação da profissão até sua suspensão, em 2016.

Prêmios Esso

  • O JBr já foi agraciado em três edições do Prêmio ESSO de Jornalismo: 1975, 1978 e em 1985.
  • 1975: O Jornal de Brasília foi condecorado pela linha editorial inovadora do veículo;
  • 1978: O jornalista André Gustavo Stumpf contou, em uma série de reportagens, os pormenores da sucessão presidencial entre Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo, naquele mesmo ano.
  • 1985: A fotografia de Carlos Menandro que estampou a capa do JBr em 1985 (foto acima) recebeu o prêmio pela maneira em que substituiu o Senado Federal por um circo montado na Esplanada. “Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência”, dizia ironicamente a publicação.

Reportagens e destaques do JBr

  • Caso Ana Lídia
    Menos de um ano após o surgimento do JBr, em 11 de setembro de 1973, Ana Lídia Braga, de 7 anos, desapareceu após ser deixada na escola e foi encontrada morta no dia seguinte. A investigação apontou envolvimento de pessoas próximas à família, incluindo o irmão da vítima e traficantes locais. Apesar das suspeitas, o caso prescreveu em 1993, sem condenações. Ana Lídia é lembrada como uma figura quase santificada, com seu túmulo sendo o mais visitado no Cemitério Campo da Esperança da Asa Sul.
  • Crime da 113 Sul

    Em 28 de agosto de 2009, o triplo homicídio no apartamento do ex-ministro José Guilherme Villela, sua esposa Maria e a empregada Francisca Nascimento Silva chocou Brasília. A principal suspeita de encomendar o crime, Adriana Vilella, filha do casal assassinado, estaria interessada na herança de cerca de R$ 160 milhões. Na época, o JBr acompanhou o caso e também o julgamento, em 2019, com alguns furos. Na corrida para noticiar a decisão do juiz, foi o primeiro veículo a publicar a condenação de Adriana Vilella.

  • Coluna Alto da Torre

    A coluna “Do Alto da Torre” é uma das mais tradicionais do JBr, com foco em política local e bastidores do poder. Atualmente, é comandada pelo jornalista Eduardo Brito, que mantém a tradição de análises aprofundadas e exclusivas sobre o cenário político do Distrito Federal.

  • Motoboy da I da Covid

    Durante a I da Covid, o Jornal de Brasília deu um furo investigativo ao apurar os personagens envolvidos no processo, para além dos números. Na apuração, surge o F e o nome do motoboy Ivanildo Gonçalves da Silva, responsável por 5% das movimentações atípicas realizadas pela empresa VTCLog, investigada no processo. Os repórteres Ary Filgueira e Geovana Bispo, com a coordenação do editor-chefe do portal do JBr, Lindauro Gomes, publicaram a reportagem que deu novos rumos à I, em 2021.

    Você também pode gostar

    Assine nossa newsletter e
    mantenha-se bem informado