Pedro Marra
[email protected]
O marchador Caio Bonfim, 26 anos, não se tornou o único brasileiro medalhista no Mundial de Marcha Atlética à toa. O brasiliense trocou a pista do estádio de Sobradinho, onde treina normalmente, para se preparar em grandes altitudes. Assim, conquistou o bronze com o tempo de 1h19m04, neste domingo (13), em Londres – é um novo recorde nacional. À frente dele nos 20km ficaram o russo Sergey Shirobokov (2º) e o colombiano Eider Arévalo (1º).
Na preparação para a Olimpíada, em nenhum dia deixou de ouvir piadas ou xingamentos por conta do estilo da Marcha Atlética
“Fiz treinos em Serra Nevada, região montanhosa na Espanha, com altitude em torno de 2.300 metros. Cheguei na altitude com uma forma física melhor ainda com a preparação aqui em Brasília”, conta ele, que sempre faz treinos deste tipo próximo de torneios maiores.
Entre Campeonatos Brasileiros, Troféus Brasil de Atletismo, Sul-Americanos, Copas Pan-Americanas de Marcha Atlética, além do Mundial agora em Londres, o atleta confessa não se apegar aos títulos.
“É melhor contabilizar e parar para pensar nos títulos quando eu encerrar a carreira. Prefiro estar dia por dia focado no que me leva para frente”, afirma Caio.
Preconceito com o esporte
Quando foi fazer a preparação para as Olimpíadas no Rio de Janeiro, o marchador treinou na Praia do Pontal, no Recreio dos Bandeirantes, local da prova. Onde em nenhum dia deixou de ouvir piadas ou xingamentos por conta do estilo da Marcha Atlética, modalidade do atletismo em que o corredor não pode tirar os pés do solo.
“Eu marcho e não tenho problema nenhum. Isso nunca me incomodou e nem incomoda. As pessoas não estavam acostumadas com a marcha atlética, pura ignorância. Após a Olimpíada, as coisas melhoraram muito. Hoje eu tenho mais palavras de incentivo do que ofensas. Só de ter popularizado o esporte já é fantástico”, comenta. Ele salienta que a preparação para o mundial começou há 10 anos, quando iniciou no esporte.
Saiba mais
- Os desafios não terminaram para o brasiliense, No ano que vem irá disputar a Copa do Mundo de Marcha Atlética. A partir de agora, ele tem no calendário os Jogos Pan-Americanos em 2019, disputado em Lima, no Peru. Além do Mundial em Tóquio no ano seguinte. “A grande pressão vem nos Jogos Olímpicos em 2020”, reconhece.
- O lado paterno também ganha espaço na vida do atleta. “Depois de dez anos, concluo que o Caio vai evoluir mais ainda. No primeiro mundial adulto em 2011, ele fazia 1h23min nos 20km. Em 2013, fazia 1h21. Agora faz 1h19min. Queremos chegar a 1h17 até 2020”, projeta João Sena, pai do corredor.
Pais que são treinadores
O corredor comemora o apoio pessoal e profissional dos pais. “Ser treinado por eles é fantástico. No mundo de hoje, que é tão difícil confiar nas pessoas, você ter treinadores que são seus pais é uma relação de gratidão”, conta Caio. Ele conta com o e familiar desde os 16 anos.
“Ele é muito inteligente, sabe istrar e identificar bem a estratégia na hora da prova”, comenta orgulhosa a mãe, Gianetti Sena.
“O Caio é o filho e atleta que toda mãe e treinadora queria ter. É um privilégio e uma honra muito grande”, conta a mãe que, em 20 anos de carreira, se tornou a primeira brasileira a ser campeã internacional: o Campeonato Ibero-Americano de Atletismo de 1996, em Medelín, na Colômbia.