O arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar, realizou, nesta segunda-feira (21), uma coletiva para falar sobre a morte do Papa Francisco, que morreu nesta madrugada, aos 88 anos, após uma batalha contra problemas respiratórios.
De acordo com o arcebispo de Brasília, uma convocação já foi enviada para ele, que deve viajar na quinta-feira (24). “Eu devo viajar na quinta, para chegar sim para o sepultamento. O Vaticano não deu ainda a agenda do sepultamento, mas acredito que não seja antes de sábado ou domingo. Acredito que serão nove dias de luto e depois começa a primeira parte do conclave”, comentou, lembrando que a e3scolha é feita entre os cardeais com menos de 80 anos.
Dom Paulo Cezar falou, também, do legado deixado por Francisco, ao longo dos seus 12 anos de pontificado.
“Ele é um Papa que deixa sua marca na vida e na caminhada da Igreja. É um momento difícil para nós. Eu vivi a perda de João Paulo II, a renúncia de Bento XVI e, agora, a morte de Francisco. Dá um sentimento de orfandade, onde parece que a gente perdeu o pai. O Papa mesmo com sua fragilidade, mesmo na cadeira de rodas, sem poder falar, seu fim foi parecido com João Paulo, como percebeu-se ontem, quando ele estava falando pouco, mas que ele conseguiu dar a benção.”
O cardeal, que irá para Roma para o conclave — cerimônia em que as lideranças da Igreja Católica escolhem um novo pontífice — lembrou que Brasília e a Arquidiocese da capital está em festa por sua fundação e pelo aniversário da cidade, mas que a notícia mudou o clima dos católicos. “A agenda é de Deus”.
Em sua exposição, Dom Paulo Cezar falou sobre o trabalho do Papa à frente da igreja e da escolha dos novos cardeais. “O Papa decidiu escolher cardeais das periferias, muito lugares sequer imaginavam que um dia teriam cardeais.”
Caso mais grave das últimas décadas, o combate à pedofilia foi um dos temas destacados pelo chefe da Igreja no Distrito Federal. “[Ele] continuou o caminho iniciado por João Paulo II e continuado por Bento XVI, de combate à pedofilia dentro da Igreja, mostrando que tem que ser tolerância zero. Que a Igreja não tem que ter tolerância nenhuma com a questão do abuso de menores. Enrijeceu as normas”, lembrou.
Dom Paulo Cezar lembrou ainda da proximidade entre os dois. O arcebispo de Brasília afirmou que era chamado pelo primeiro nome e que Francisco brincou com ele, quando os seus cabelos começaram a ficar grisalhos. “Está ficando velho”, teria dito o Papa.
Dom Damasceno, arcebispo emérito de Aparecida, que está em Brasília também participou da coletiva e falou sobre a morte de Francisco. “O pesar é de todos. Nós da Igreja Católica e , mas das igrejas cristãs em geral e de outras religiões também. Diria que o Papa Francisco é muito querido de todos, mas de modo especial de nós latino-americanos, dos brasileiros, por ser o primeiro papa latino-americano, argentino. Muito querido porque nos visitou, por ocasião da Jornal Mundial da Juventude e esteve no Santuário de Nossa Senhora Aparecida.”