Envelhecer é uma jornada inevitável, e na maioria das vezes desafiadora. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população brasileira acima dos 60 anos corresponde a quase 16% do total de cidadãos. Apesar disso, ainda nos deparamos com uma cultura que condena este processo natural, silenciando estas pessoas e retirando delas um espaço importante dentro da sociedade.
Mesmo diante do preconceito, o ar dos anos pode ser um período prazeroso, desde que tratado com respeito e dignidade. Por isto, no dia 01 de outubro, é comemorado o Dia Internacional da Pessoa Idosa, uma data dedicada não apenas à celebração das conquistas e contribuições do público mais velho, mas também à reflexão sobre como lidamos com este grupo.
Para a enfermeira especializada Izabelly Miranda, ainda é preciso evoluir muito neste quesito, especialmente nas oportunidades de emprego e lazer que, muitas vezes, são espaços destinados somente aos jovens.
Formas de etarismo

O etarismo se manifesta de várias formas, desde a exclusão dos idosos do mercado de trabalho até a falta de o a serviços de saúde adequados e o estereótipo de que, após os 60, a vida perde o vigor e o propósito. Izabelly explica que idosos ativos, engajados em suas comunidades e projetos pessoais, tendem a viver mais e com mais qualidade de vida, com menores índices de depressão e isolamento social.
Na vida social, o preconceito se revela por meio da infantilização, quando pessoas mais velhas são tratadas como incapazes de tomar decisões ou viver de maneira autônoma. Além disso, estereótipos como a associação da velhice à fragilidade e inutilidade, reforçam a exclusão dos idosos de conversas importantes e da participação ativa na sociedade. Esse preconceito limita as oportunidades de crescimento pessoal e social, além de afetarem a autoestima e a saúde mental dos mais velhos.
Combate ao preconceito
Combater o etarismo exige uma mudança cultural profunda, que começa pela conscientização e educação sobre o envelhecimento. Miranda conta que é fundamental promover a inclusão dos idosos em todas as esferas da vida, para valorizar sua experiência e habilidades. Por isso, é necessário a criação de políticas públicas que incentivem a capacitação e engajamento dos mais velhos, com o objetivo de desconstruir estereótipos.
Campanhas de sensibilização são essenciais para desmistificar os preconceitos sobre a terceira idade, enquanto o fortalecimento de redes intergeracionais pode promover uma convivência mais harmoniosa e respeitosa.
“Devemos promover uma visão mais positiva do envelhecimento. Enquanto avançamos nesta discussão, é importante que os vínculos familiares se fortaleçam, que cada um respeite suas individualidades e estejam abertos às adaptações que este processo necessita”, explica a enfermeira.
Desafiando as narrativas
Enfrentar a discriminação das faixas etárias é um caminho longo a se percorrer. Desafiar essas narrativas começa com a desconstrução de estereótipos que associam o envelhecimento à fragilidade, à incapacidade ou à irrelevância. É preciso reconhecer que os idosos possuem um vasto repertório de experiências, sabedoria e habilidades que continuam a ser valiosas em todas as esferas da vida.
“Muitos idosos estão se reinventando profissionalmente, explorando novas paixões, viajando e participando ativamente de suas comunidades, provando que a idade é apenas um número, e não um limitador de realizações.”, afirma Izabelly.

Além disso, desafiar o etarismo envolve criar espaços de visibilidade para os idosos em todas as áreas, seja na mídia, na política, ou no mercado de trabalho. Quando as pessoas mais velhas são representadas de forma diversificada e positiva, mostrando seus talentos e capacidade de adaptação, ajudamos a mudar a percepção coletiva. Ações práticas como apoiar o aprendizado contínuo e incentivar ambientes inclusivos são formas de desafiar essas narrativas negativas.
Ao reverter o preconceito etário, promovemos uma sociedade mais justa. Um espaço de equidade onde todas as gerações desempenham um papel a contribuir. Neste cenário, cada fase da vida é valorizada por sua particulares, e o envelhecimento é compreendimento como um processo natural e rico em oportunidades.