O conclave que se iniciou nesta quarta-feira (7), após o falecimento do Papa Francisco, reúne 133 cardeais na Capela Sistina para eleger o novo líder da Igreja Católica. Além da importância espiritual, o evento destaca-se também pelas vestimentas ricas em simbolismo e tradição, refletindo séculos de história e fé.
Após a eleição, o novo papa é conduzido à chamada Sala das Lágrimas, uma antecâmara na Capela Sistina. O nome deriva das intensas emoções vividas pelos papas recém-eleitos neste momento solene. Lá, ele veste pela primeira vez a batina branca papal, escolhendo entre três tamanhos disponíveis para garantir o ajuste adequado.
Tradicionalmente, essas vestimentas são confeccionadas pela alfaiataria Gammarelli, estabelecida em 1798, conhecida por vestir papas ao longo dos séculos.
As vestes do papa carregam significados profundos:
- Batina branca: símbolo de pureza e serviço, com 33 botões, representando os anos de vida de Cristo.
- Faixa de seda com franjas douradas: posteriormente bordada com o brasão papal, simboliza autoridade.
- Mozeta vermelha: capa curta usada sobre os ombros, representando liderança espiritual.
- Estola dourada: utilizada na bênção Urbi et Orbi, simbolizando o poder supremo do papa e sua sujeição a Deus.
- Solidéu branco: pequeno gorro que cobre a coroa da cabeça, representando devoção.
Durante a cerimônia de posse, o papa também recebe o Anel do Pescador, com a imagem de São Pedro, e o pálio, uma faixa de lã branca com cruzes pretas que simboliza sua autoridade pastoral.

Foto: AFP
Durante o conclave, os cardeais vestem trajes específicos que refletem sua posição e compromisso com a Igreja:
- Batina vermelha: túnica longa com faixa e muceta vermelhas, representando o martírio e a fidelidade à fé.
- Roquete branco: sobrepeliz de renda usada sobre a sotaina, simbolizando pureza.
- Solidéu e barrete vermelhos: gorro e chapéu quadrado que denotam dignidade e autoridade.
- Cruz peitoral: pendurada por um cordão vermelho e dourado, representando a ligação espiritual com Cristo.
- Anel cardinalício: símbolo de fidelidade e serviço à Igreja.

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Vale destacar que cardeais de ritos orientais mantêm suas vestimentas litúrgicas próprias durante o conclave, respeitando suas tradições religiosas.
Pela primeira vez em quase 47 anos, o Vaticano não encomendou as tradicionais batinas papais às alfaiatarias Gammarelli ou Ranieri Mancinelli. A decisão pode refletir a ênfase do Papa Francisco em valores de sustentabilidade e simplicidade.
Ainda assim, Mancinelli confeccionou, por iniciativa própria, três batinas brancas em tamanhos variados, mantendo viva a tradição secular.
“Estou fazendo isso por conta própria para poder apresentar essas batinas ao próximo papa, sem saber quem ele será”, disse Mancinelli.
Sobre como a alfaiataria Gammarelli tira as medidas do novo papa sem saber quem será, o alfaiate explicou:
“Consideramos quem, na nossa opinião, poderia ser eleito. Tiramos as medidas deles e… fazemos três batinas que serviriam mais ou menos em todos eles.”
As vestes papais e cardinalícias são mais do que trajes litúrgicos. Elas carregam em cada fio a tradição de séculos, o simbolismo da fé e o poder espiritual do Vaticano. No conclave, a escolha do novo pontífice é também marcada pela imponência e beleza dessas peças, que, costuradas à mão, transcendem o tempo e reforçam a majestade do momento.