Trezentos e cinquenta quilômetros, 350km, pare um pouquinho, descanse um pouquinho 250km… A letra do comercial é um pouco antiga, mas não foge muito à realidade com que o presidente da Superintendência de Desportos do Estado do Rio de Janeiro (Suderj), Sérgio Emilião, tem de conviver nas obras para os Jogos Pan-americanos no Complexo do Maracanã. No estádio, as reformas disputam prioridade com o calendário da temporada de futebol. Cada rodada significa, pelo menos, duas paralisações nas obras.
Hoje, no meio da tarde, o ritmo das obras do Pan teve de ser interrompido para que um outro grupo de trabalhadores começasse a preparar o estádio para o confronto entre Corinthians e Fluminense , às 22h, pelo Campeonato Brasileiro. “Às 4h da tarde entra um batalhão de limpeza para limpar o estádio todo, para tirar qualquer material que possa ser contundente e causar dano à integridade dos torcedores. É uma operação de guerra que se faz aqui praticamente três, quatro vezes por semana”.
A cada jogo, o Maracanã perde cerca de 180 a 190 das cadeiras novas que foram instaladas após o início da reforma, calcula o presidente. “Na final da Copa do Brasil (entre Flamengo e Vasco, em julho), por exemplo, 19 banheiros foram depredados”, lembra.
Na tentativa de diminuir as depredações, a direção do estádio tem tentado sensibilizar o público com mensagens divulgadas no placar eletrônico e outras estratégias, mas o sucesso é mínimo. “O que falta é consciência que o Estado não tem uma maquininha de fazer dinheiro”, avalia o dirigente. “Todo dinheiro que é investido aqui é dinheiro do contribuinte. É meu, é seu, é nosso”.
As reformas no Maracanã tiveram início no ano ado. O estádio ficou fechado ao público de abril até dezembro, sendo reaberto em janeiro a pedido dos clubes e da Confederação Brasileira de Futebol (CBF). “A gente está atendendo um apelo da CBF e dos clubes porque não existe ainda no estado do Rio de Janeiro um estádio capaz de atender as normas da CBF com a nossa capacidade de público”, explica Emilião.