Um dos nomes que podem surpreender no Rio de Janeiro é o do jovem Bernardo Schwuchow, de 19 anos. Vice-campeão sul-americano juvenil na espada, ele é o atleta mais novo da seleção adulta, mas já alcança bons resultados, como a 13ª e a 18ª colocação conquistadas respectivamente nas etapas de Buenos Aires e de Bogotá da Copa do Mundo Adulta.
"Meu sonho é chegar no Pan-americano, onde acredito que temos a chance de conquistar pelo menos uma ou duas medalhas", acredita Schwuchow, que estabelece Venezuela, Canadá e Estados Unidos como os principais rivais do Brasil na competição. "O nosso foco vai estar todo no Pan. Todo mundo vai querer um resultado expressivo para a modalidade aparecer, pois muita gente não conhece este esporte", garante.
Representando o clube gaúcho da Sogipa, o esgrimista pretende embarcar para a Europa no final do ano, com o objetivo de se preparar melhor para o Pan. Os custos serão bancados com o dinheiro dos recursos que ele recebe do Bolsa Atleta, programa do governo federel que tem por objetivo garantir a manutenção mínima dos atletas de alto rendimento que não possuem patrocínio.
"Desde 2005, a esgrima brasileira está investindo nos novos atletas, mas treinar só no Brasil não dá. Pretendo ar um três ou quatro meses na Europa a partir de dezembro que é quando começa a temporada da minha categoria. O Pan vai ter um nível alto", explica Bernardo. De acordo com ele, porém, o intercâmbio só deve contemplar os torneios, uma vez que a viagem é independente, portanto, sem vínculo com a Confederação Brasileira da Modalidade.
Apesar das dificuldades, Schwuchow evita fazer críticas aos dirigentes brasileiros da esgrima. "A Confederação nos apóia, faz o que pode. Às vezes, só sabemos que vamos participar de alguma competição em cima da hora, mas eles, por exemplo me ajudaram a ir para as etapas da Copa do Mundo", explica o atleta, que começou na modalidade por conta da influência de um primo.
Tecnicamente falando, Schwuchow explica que o Brasil sofre forte influência da Rússia na modalidade, principalmente por conta do russo Miakotnykh Guennadi, que é técnico da seleção nacional. "O Brasil tem bons técnicos, mas era preciso a experiência. O russo deu muita ênfase ao trabalho de pernas, pois é um aspecto que nem todos os atletas internacionais tem bem trabalhado", analisa. Confiante, Bernardo ainda garante que a esgrima brasileira não vai falhar por conta de uma possível pressão da torcida. "É coisa da cabeça, a gente consegue ar por isso", acredita.
A Confederação Brasileira de Esgrima ainda não definiu como os atletas brasieliros irão participar da competição. A tendência, entretanto, é que seja realizado um teste físico no começo do ano que vem com os dez primeiros colocados no ranking nacional. O formato diferente é explicado por Bernardo. "Eles querem tirar os atletas mais velhos", justifica. "Para mim essa parte é fácil, mas há quem e por dificuldades", encerra.