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Escola sem Partido entra com ação contra lei que proíbe celular nas escolas de SP

Governo de São Paulo informou, através da Secretaria da Educação, que ainda não foi notificado da ação e, portanto, não irá se posicionar

Redação Jornal de Brasília

22/05/2025 15h58

Foto: Arquivo/EBC

Foto: Arquivo/EBC

O movimento Escola sem Partido entrou com ação judicial contra a lei estadual de São Paulo que proíbe o uso de celulares nas escolas. O texto, que tem como autor principal o advogado Miguel Francisco Urbano Nagib, afirma que a legislação infringe regras nacionais e prejudica o direito dos alunos de usar o celular em casos de emergência. Ele defende que o aluno possa ter o celular na mochila durante as aulas, o que a lei paulista não permite.

O governo de São Paulo informou, através da Secretaria da Educação, que ainda não foi notificado da ação e, portanto, não irá se posicionar.

A Lei 18.058/2024, aprovada pela Assembleia Legislativa de São Paulo e sancionada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) em dezembro do ano ado, proíbe a utilização de celulares e outros dispositivos eletrônicos pelos alunos nas unidades escolares da rede pública e privada de ensino em todo o Estado. Os estudantes que levam os aparelhos à escola devem deixá-los guardados em local inível durante o período de aulas.

Nagib afirma que a proibição impede os alunos de levarem os celulares em suas mochilas, o que tornaria impossível o uso em casos específicos. Segundo ele, a legislação federal permite que as escolas decidam sobre o armazenamento dos celulares.

Para o representante do Escola sem Partido, a lei paulista viola os direitos assegurados aos estudantes pela Lei federal n° 15 100/25, assim como o direito dos pais de ter ciência do processo pedagógico vivenciado por seus filhos e de avaliar o cumprimento da garantia de padrão de qualidade prevista na Constituição Federal.

Ao Estadão, ele disse que a ação não pede a liberação do uso do celular durante as aulas, mas apenas que os alunos possam ter o aparelho consigo para uso em casos previstos na legislação federal.

“A competência para editar normas gerais sobre a proteção à infância e juventude é da União (CF art.24,XV par.1.o). Logo, se a União estabelece, numa típica norma geral voltada à proteção dos direitos assegurados pelo ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) que o uso do celular é permitido para garantir os direitos fundamentais dos estudantes – o que pressupõe logicamente que eles estejam na posse dos aparelhos -, os estados e municípios não podem privá-los dessa posse, como faz, por exemplo a Lei 18.058/2024, do Estado de São Paulo”, diz.

Na ação, ele afirma que a retenção compulsória dos dispositivos afronta o equilíbrio buscado pela norma, que visa restringir o uso, sem suprimir o direito dos alunos de portar os seus celulares para a garantia dos direitos fundamentais.

“Entre esses meios destaca-se, pela sua inegável eficácia, a gravação das aulas, prática que oferece ao estudante a possibilidade de, ao voltar para casa, escutar novamente as exposições e explicações dos professores, solidificando e aprimorando seu conhecimento sobre as matérias abordadas em sala “

O documento, com pedido de tutela de urgência (liminar), foi protocolado nesta terça-feira, 20, no Fórum Central Cível da capital paulista. O processo foi colocado sob segredo de justiça e ainda não tem decisão.

O que é o movimento Escola sem Partido?

O movimento Escola sem Partido foi criado em 2004 com o objetivo de combater a doutrinação ideológica de cunho esquerdista nas escolas. Os apoiadores defendem que as questões de gênero e de religião, por exemplo, não podem ser tratadas no ambiente escolar. Para eles, os professores devem fornecer informações de forma neutra, sem manifestar opiniões próprias, e voltadas apenas para o aprendizado.

Em 2015, o movimento ganhou evidência com a apresentação de projetos em câmaras municipais, assembleias legislativas e no Congresso Nacional inspirados na agenda conservadora do Escola sem Partido.

Desde julho de 2019, Nagib anunciou o encerramento do Escola sem Partido, alegando falta de apoio do então presidente Jair Bolsonaro. Procurado na época, Bolsonaro não comentou o caso. A ação contra a lei paulista que proíbe o celular nas escolas marca o retorno do Escola sem Partido ao cenário nacional.

Na página oficial do movimento no Instagram, Nagib postou há quatro dias: “Os políticos de ‘direita’ não querem acabar com o câncer da doutrinação nas escolas. Se quisessem, não deixavam de apoiar a única iniciativa comprovadamente capaz de resolver o problema”, disse, referindo-se ao uso do celular para gravar os professores.

Estadão Conteúdo

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