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Economia

Brasil aprofunda vínculo com moeda chinesa em visita de Lula

Ao lado do presidente do banco central chinês, Pan Gongsheng, Galípolo como captar recursos na China

Redação Jornal de Brasília

19/05/2025 6h44

galípolo

Foto: Lula Marques/ Agência Brasil

NELSON DE SÁ
PEQUIM, CHINA (FOLHAPRESS)

Após o presidente Lula deixar Pequim na quarta (14), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, ficou para uma missão. Ao lado do presidente do banco central chinês, Pan Gongsheng, falou a representantes de instituições e empresas latino-americanas como captar recursos na China.

É o que o próprio Brasil busca, neste momento. Na visão do governo, a China é hoje uma economia como aquelas que, no ado, eram os maiores investidores nos títulos públicos brasileiros. Tem juros mais baixos, um excesso de poupança e uma população que está envelhecendo, à procura de ativos que deem retorno.

No exemplo dado por um integrante da delegação de Lula, os chineses comparam um ativo de dez anos que dá 1,5% de juros, em seu país, com um ativo que dá 15% no Brasil.

A complementaridade China-Brasil, no âmbito financeiro, é porque faz sentido para empresas e governo brasileiro captarem no mercado chinês e, para os chineses, faz sentido investir no Brasil.

A força-tarefa encabeçada por Galípolo nas negociações com Pequim, que começaram em outubro do ano ado e terminaram com êxito nesta última semana, pavimentaram os caminhos para essa complementaridade acontecer.

Grandes empresas com receita em renminbi, a moeda chinesa, começam a realizar operações com os chamados panda bonds, títulos em renminbi emitidos no mercado chinês. Foi o que fez a Suzano, há seis meses, e o que estuda fazer agora a Vale, companhias brasileiras com operações de grande porte na China.

A Suzano levantou 1,2 bilhão de renminbis, equivalentes a R$ 940 bilhões. Empresas europeias como a Mercedes-Benz também já lançaram panda bonds –e governos europeus, como o húngaro, anunciaram que pretendem fazê-lo neste ano.

A China vem ampliando o o ao mercado de dívida em sua moeda. Em 2022, por exemplo, permitiu que os recursos levantados no país sejam usados no exterior.

O memorando de entendimento assinado por Galípolo e Pan, encerrando as negociações nesta semana, é parte do esforço para abrir ainda um pouco mais seu mercado financeiro para essas operações, visando facilitá-las para as empresas e o governo brasileiro.

No evento posterior, voltado à América Latina, segundo o relato oficial chinês, o presidente do Banco Central afirmou que, diante da complementaridade e do crescimento no comércio bilateral e nos investimentos, há uma ampla perspectiva de cooperação.

Que o Brasil espera expandir os canais para o uso de moedas bilaterais, melhorar a interconexão dos sistemas de pagamento e salvaguardar conjuntamente a estabilidade financeira e o crescimento econômico.

Já o presidente do Banco Popular da China, o nome do BC chinês, afirmou que nos últimos anos a abertura financeira do país se aprofundou, “o mercado de panda bonds se tornou cada vez mais inovador, os arranjos institucionais se tornaram mais internacionalizados e o uso de fundos tornou-se mais conveniente”.

Segundo Pan, “diante da situação internacional complexa e grave, a China e a América Latina devem promover a cooperação financeira numa gama mais ampla de campos e num nível mais profundo, para enfrentar conjuntamente os desafios”.

Os panda bonds estão sendo estimulados paralelamente à reativação do swap cambial entre os dois países. Na explicação de Galípolo, dada ao jornal em meio à dos atos no Grande Salão do Povo, em Pequim, trata-se do mesmo contrato de swap que o Brasil já tem com os EUA e visa estabilidade financeira.

Dois integrantes da comitiva afirmaram que as medidas financeiras adotadas durante a visita de Lula não têm relação com a chamada desdolarização, o afastamento da intermediação do dólar nas trocas entre Brasil e China.

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