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Economia

Dólar abre em alta com investidores apostando no ‘Trump trade’

O ministro Fernando Haddad disse nesta quarta-feira que as medidas de contenção de gastos já estão prontas

Redação Jornal de Brasília

14/11/2024 10h53

Dólar

Foto: Reprodução/ Flickr

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar abriu em alta nesta quinta-feira (14), em meio às expectativas dos investidores pelo governo do presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump.

Às 9h37, a moeda norte-americana subia 0,32%, a R$ 5,810 na venda. Na quarta, fechou em alta de 0,33%, cotada a R$ 5,792, e a Bolsa teve leve variação positiva de 0,02%, a 127.733 pontos.

Nesta sessão, o dólar avançava de forma ampla nos mercados globais, em extensão de seu movimento recente impulsionado pela vitória de Trump na eleição presidencial dos EUA na semana ada, com o republicano também conduzindo seu partido à conquista do controle das duas Casas do Congresso.

Já na quarta, o dia foi marcado por dois leilões do BC (Banco Central), que injetaram US$ 4 bilhões no mercado. Comentários do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no fim da tarde, sobre o pacote de ajustes fiscais e um plano a longo prazo para as despesas ajudaram a aliviar as cotações. O mercado também monitorou os rumos dos juros americanos.

Segundo informou o Banco Central, o leilão de linha A ocorreu das 12h15 às 12h20, enquanto o leilão de linha B ocorreu das 12h35 às 12h40. Ambas as vendas foram realizadas com base na Ptax das 10h como taxa de câmbio, que marcava R$ 5,743.

Ainda na cena doméstica, o mercado se ateve ao possível anúncio de pacote fiscal pelo governo e demonstrou nervosismo com a demora em apresentar os cortes, o que vem influenciando a alta do dólar ante o real.

O ministro Fernando Haddad disse nesta quarta-feira que as medidas de contenção de gastos já estão prontas e que o anúncio depende da decisão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Ele não quis responder qual será o impacto do pacote nas contas públicas, mas afirmou que o valor é “expressivo”.

“Mais [importante] do que o número, na minha opinião, é o conceito que nós utilizamos para fazer prevalecer essa ideia de que as coisas devem, todas elas, na medida do possível, ir sendo incorporadas a essa visão geral do arcabouço, para que ele seja sustentável no tempo”, disse Haddad.

Aprovado em 2023, o arcabouço fiscal permite que os gastos primários do governo federal cresçam no máximo 2,5% acima da inflação por ano, respeitando um ritmo de até 70% da alta das receitas.

O ministro disse ter discutido na quarta linhas gerais das iniciativas com o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além de debater medidas específicas com o Ministério da Defesa. Segundo ele, o governo está avaliando se consegue incluir mais medidas no pacote a ser enviado ao Congresso Nacional.

“Assim que Lula der autorização, nós estamos prontos para dar publicidade aos detalhes do que já está sendo dito aqui”, afirmou Haddad.

As discussões sobre o conjunto de medidas para o ajuste fiscal chegaram à terceira semana.
Lucas Almeida, especialista em mercado de capitais e sócio da AVG Capital, destacou que o mercado segue em como de espera quanto às medidas fiscais discutidas pelo governo, especialmente após a inclusão do Ministério da Defesa no pacote de cortes de gastos.

“Fica claro que a falta de clareza sobre a implementação dessas medidas adiciona incerteza e aumenta a cautela entre os investidores”, afirma.

Economistas do Itaú Unibanco calculam que, para que o mercado financeiro tenha mais confiança no ajuste fiscal proposto pelo governo, são necessários ao menos R$ 60 bilhões em cortes de gastos, sendo R$ 25 bilhões em 2025 e R$ 35 bilhões em 2026.

Na agenda econômica internacional, os dados sobre inflação em outubro dos EUA ficaram dentro do esperado.

O índice de preços ao consumidor aumentou 0,2% pelo quarto mês consecutivo, segundo o Departamento do Trabalho. Em 12 meses até outubro, a alta foi de 2,6%, comparado aos 2,4% registrados em setembro.

Economistas consultados pela Reuters previam um aumento de 0,2% no mês e 2,6% no acumulado anual.

O resultado reflete a saída de uma base de comparação baixa de 2023.

Keone Kojin, economista da Valor Investimentos, afirmou que os resultados do I de outubro no mercado americano saíram “bem em linha com o esperado” e, nesse sentido, o Fed não deve mudar a probabilidade de redução de juros de 0,25%.

“No entanto, o Fed tampouco deve rechaçar ou descartar a possibilidade de, numa próxima reunião, manter esses juros em vez de reduzi-los”, disse.

Kojin afirma que a expectativa de políticas de Donald Trump podem trazer uma inflação mais elevada ou manter a inflação em patamar alto por mais tempo, algo que será reavaliado em reuniões futuras do Fed.

Cristiane Quartaroli, economista-chefe do Ouribank, aponta que a incerteza sobre o próximo ano, com a possibilidade de um governo mais protecionista nos EUA, pode gerar mais inflação e juros mais altos, o que contribui para a valorização do dólar.

A insatisfação com a inflação contribuiu para a vitória do republicano Donald Trump na eleição presidencial, superando a candidata democrata e vice-presidente Kamala Harris.

Analistas projetam inflação mais alta em 2025, caso Trump implemente cortes de impostos e tarifas sobre produtos importados. Suas promessas de deportação de imigrantes podem reduzir a oferta de mão de obra, elevando custos para empresas, que devem reá-los aos consumidores.

Embora seja esperada uma nova redução na taxa de juros pelo Fed em dezembro, economistas acreditam que o espaço para novos cortes em 2024 é limitado. Os rendimentos dos Treasuries aumentaram, refletindo a expectativa de políticas econômicas republicanas sem oposição no Congresso.

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