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Economia

Dólar cai e Bolsa sobe com mercado atento à cena fiscal dos EUA e do Brasil

Às 14h23, o dólar caía 0,60%, cotado a R$ 5,606. A Bolsa, no mesmo horário, subia 0,38%, a 138.418 pontos

Redação Jornal de Brasília

22/05/2025 15h54

dolar

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

O dólar está em queda nesta quinta-feira (22), com investidores atentos ao cenário fiscal dos Estados Unidos e do Brasil.

A Câmara dos Deputados norte-americana aprovou, por margens estreitas, a legislação tributária do presidente Donald Trump que pode elevar a dívida pública do país em quase US$ 4 trilhões (R$ 22,5 trilhões). Já o mercado doméstico monitora a divulgação do relatório de receitas e despesas do governo federal.

Às 14h23, o dólar caía 0,60%, cotado a R$ 5,606. A Bolsa, no mesmo horário, subia 0,38%, a 138.418 pontos.

Na madrugada desta quinta, a Câmara dos EUA aprovou o projeto de lei que viabiliza grande parte das promessas de campanha de Trump. A votação foi de 215 a 214 votos, com todos os democratas e dois republicanos votando contra. Um terceiro republicano votou “presente”.

A legislação, que ainda precisa ar pelo Senado para ser aprovada em definitivo, mira reduzir impostos e direcionar mais recursos para as Forças Armadas e seguranças de fronteira. A conta será paga com cortes no Medicaid, assistência alimentar, educação e programas de energia limpa, aumentando significativamente os déficits federais e o número de pessoas sem seguro de saúde.

A projeção é que o projeto eleve em cerca de US$ 3,8 trilhões (R$ 21,46 trilhões) a dívida de US$ 36,2 trilhões (R$ 204,3 trilhões) do governo federal ao longo da próxima década, de acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso.

Com a aprovação na Câmara, os títulos do Tesouro dos EUA retomaram o movimento de perdas. O rendimento do “treasury” de 30 anos, um indicador dos custos de empréstimos do governo no longo prazo, estava em 5,13%, o nível mais alto desde outubro de 2023. A rentabilidade é inversamente proporcional aos preços, isto é, os investidores estão pagando menos e exigindo mais retornos para dar o voto de confiança de que os EUA honrarão as dívidas.

O de 20 anos também subia, a 5,14%, o nível mais alto também desde novembro de 2023.

Já o de 10 anos, mais monitorado pelo mercado, estava em 4,590%, um ligeiro recuo em relação aos 4,595% do dia anterior.

“Deveria ser uma boa notícia que o estímulo fiscal esteja chegando, dado que os mercados têm estado preocupados com o risco de recessão, mas também há a preocupação com a sustentabilidade fiscal”, disse Michael Metcalfe, da State Street Global Markets.

Os apelidados “vigilantes dos treasuries” começaram a rondar os mercados em meio às suspeitas sobre a situação fiscal dos EUA. Esses investidores “protestam” contra políticas consideradas inflacionárias através da venda de títulos, aumentando, assim, os rendimentos. A busca é por impor disciplina fiscal sobre as autoridades do governo.

O movimento foi reforçado depois que a Moody’s, na semana ada, tornou-se a última das principais agências de classificação de crédito a rebaixar a nota dos EUA, da máxima Aaa para Aa1.

No entanto, parte do movimento de deterioração das taxas foi revertido após Christopher Waller, membro do Fed (Federal Reserve, o banco central dos EUA), afirmar que há espaço para cortes nos juros ainda neste ano.

Em entrevista à Fox Business, Waller disse que o afrouxamento depende de onde a política tarifária dos Estados Unidos se estabelecerá. Se as taxas do presidente atingirem o limite inferior da faixa dos níveis agressivos anunciados no início da guerra comercial, então a perspectiva parece sólida.

“Se conseguirmos reduzir as tarifas para perto de 10% e tudo isso for selado, concluído e entregue em algum lugar até julho, estaremos em uma boa posição para fazer cortes nos juros durante a segunda metade do ano.”

O diretor não disse como ou quando ele espera que o início do afrouxamento da taxa de juros, hoje na banda de 4,25% e 4,5%.

“Muitos veem Waller como o próximo presidente do Fed e que ele tem atuado como uma espécie de sombra à figura do atual chair Jerome Powell. As falas dele geraram alívio no mercado”, diz André Valério, economista sênior do Inter.

Já na cena doméstica, os investidores estão se posicionando de forma defensiva antes do relatório de receitas e despesas primárias do segundo bimestre, a ser divulgado às 14h30 pelos Ministérios da Fazenda e do Planejamento.

No documento, o governo avalia eventuais descasamentos na execução do Orçamento do ano e pode indicar a necessidade de contingenciamento ou bloqueio de despesas para assegurar o cumprimento da meta fiscal e do limite de gastos.

Uma coletiva de imprensa sobre o relatório, com a presença do ministro Fernando Haddad, e da ministra do Planejamento, Simone Tebet, ocorrerá às 15h.

Parte do mercado tem retomado preocupações sobre o cenário fiscal brasileiro, na esteira de relatos de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) poderá anunciar medidas expansionistas para tentar reverter a queda de popularidade.

“As incertezas fiscais internas, principalmente em torno do relatório de receitas e despesas, acaba limitando espaço para a valorização da moeda brasileira”, disse João Duarte, especialista em câmbio da One Investimentos.

Ainda, preços do petróleo estão em queda nesta quinta. As perdas de quase 1% sucedem relatos de que a Opep+ está discutindo o aumento da produção de petróleo em julho, elevando temores de que a alta da oferta possa exceder a demanda.

Os efeitos aparecem nas ações da Petrobras, uma das empresas de maior peso no Ibovespa. Os papéis preferenciais e ordinários da petroleira caíam 1,19% e 1,41%, respectivamente, respondendo por grande parte da pressão negativa sobre a Bolsa brasileira.

Já na ponta positiva, destaque para os papéis da Azul, que subiam mais de 17% após seis quedas seguidas, período em que acumulou um tombo de quase 29%. Na véspera, chegou a ser negociada a R$ 1, mínima histórica intradia, em meio a preocupações com as finanças da companhia aérea.

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