VICTOR LACOMBE
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Em uma cena que suscitou críticas e acusações de ataque à liberdade de expressão, o jornalista americano Sam Husseini foi arrastado para fora da sala onde o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken, realizava sua última entrevista coletiva no cargo.
Husseini e outros jornalistas independentes críticos do apoio americano a Israel interromperam Blinken repetidas vezes ao longo da entrevista coletiva, que tinha como tema as ações do chefe da diplomacia dos EUA em relação à guerra na Faixa de Gaza.
Depois que Blinken se recusou a responder as perguntas de Husseini, o jornalista seguiu interrompendo as falas do secretário até que seguranças o arrastaram para fora da sala. Ao ser carregado, Husseini gritou: “Criminoso! Por que você não está em Haia?”. A cidade holandesa é a sede do Tribunal Penal Internacional, responsável por julgar criminosos de guerra.
O governo Joe Biden, que chega ao fim na próxima segunda (20), provavelmente será lembrado na área de política externa pelo apoio inquebrantável a Israel durante todo o conflito em Gaza —mesmo quando as mortes de palestinos em bombardeios israelenses atingiram as dezenas de milhares e quando países como a África do Sul e entidades como a Anistia Internacional acusaram Tel Aviv de cometer genocídio.
O governo Biden atuou como fiador diplomático e militar de Israel em várias ocasiões desde 7 de outubro de 2023, enviando forte aparato militar para a região, incluindo o maior porta-aviões do mundo, aprovando bilhões de dólares em auxílio militar e envio de armas, e obstruindo votações na ONU que pediam um cessar-fogo.
Max Blumenthal, outro jornalista crítico da política externa de Washington, perguntou a Blinken: “por que você continuou a enviar bombas se havia um acordo [de cessar-fogo] em maio">