Por O Norte Online, parceiro do Jornal de Brasília na Paraíba
Imagine um sistema de Justiça onde cada réu escolhe se quer ou não cumprir as medidas cautelares. Parece ficção científica? Pois bem, no Brasil de 2025, temos Marinaldo Adriano Lima da Silva, 23 anos, blogueiro, investigado pelos atos de 8 de janeiro em Brasília, que resolveu dar sua versão dos fatos ao Portal Fonte83 sobre o sumiço da sua tornozeleira eletrônica. E que versão! Daquelas que fariam qualquer roteirista de novela pedir dicas.
Marinaldo não nega que violou as determinações do Supremo Tribunal Federal, mas garante que não foi por maldade, vejam só. Foi por “desespero”, por “pressão”, e porque a tornozeleira era simplesmente desconfortável. Afinal, como esperar que alguém conviva com uma tornozeleira por incríveis 1h30 por dia? É tortura! Crueldade moderna!
Segundo ele, a vida já era difícil demais no bairro Conde, onde morava com a mãe, que não conseguia pagar aluguel. Muriçocas, casa abafada, “aperto”… o cenário perfeito para invalidar qualquer ordem judicial. “Minha mãe não tinha condições de pagar o aluguel”, explicou. E todos sabem que dificuldades financeiras anulam automaticamente medidas impostas pelo STF.
Mas a cereja do bolo veio quando ele relatou suas condições de saúde. Escoliose tipo C e hérnia de disco – o combo perfeito para impedir até o ato de se levantar da cama. A tornozeleira, nesse caso, virou um agente opressor. “É difícil explicar o que é viver com dor e medo ao mesmo tempo”, disse, num depoimento digno de trilha sonora triste e olhar perdido na janela em dia chuvoso.
Como se não bastasse o drama físico e emocional, Marinaldo também virou alvo de facção criminosa. Ao voltar para o Bairro das Indústrias, em João Pessoa, foi reconhecido por um suposto membro da temida facção “Okaida” (isso mesmo, com “k”), que achou que tornozeleira era sinônimo de traficante. Resultado: medo de morrer, ameaça virtual em grupo de WhatsApp e o corte — literalmente — do elo entre Marinaldo e o STF. “Só queria um pouco de paz”, lamentou.
Ah, se todos os detentos do mundo resolverem agora cortar suas tornozeleiras alegando dor nas costas, muriçocas ou falta de ventilação, talvez seja a hora de repensar o sistema prisional inteiro. Marinaldo, inclusive, já tem planos: sua advogada deve pedir a revogação da prisão preventiva e sugerir a troca do aparelho por algo mais “compatível com sua situação”. Quem sabe uma tornozeleira com espuma viscoelástica?
E pra quem achou que o jovem tinha planos apenas como influenciador das leis do próprio modo, vale lembrar: ele se lançou candidato a vereador por João Pessoa em 2024, pelo partido Democracia Cristã. Desistiu da campanha em agosto, alegando que a associação com atos antidemocráticos prejudicou sua imagem. Desde então, parou de cumprir qualquer determinação judicial. Afinal, se não é por maldade, tá liberado.
Créditos ao Portal Fonte83, que ouviu com seriedade esse relato comovente e digno de um episódio de “Casos de Família versão STF”.