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Saúde

Saúde negocia declaração no G20 contra recrutamento predatório de enfermeiros

Em muitos casos, países de alta renda atraem profissionais de saúde de regiões mais pobres

Redação Jornal de Brasília

29/10/2024 9h57

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Foto: Divulgação/IgesDF

RAQUEL LOPES
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)

O Ministério da Saúde pretende apresentar, durante a reunião do G20, uma proposta de declaração para que os países membros se comprometam com os códigos de conduta estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde). O objetivo é se contrapor ao que membros do governo Lula (PT) consideram recrutamento predatório de profissionais de saúde por parte de países desenvolvidos.

O código estabelece diretrizes éticas para o recrutamento de profissionais, especialmente em áreas onde há escassez de mão de obra qualificada. Em muitos casos, países de alta renda atraem profissionais de saúde de regiões mais pobres.

A demanda por enfermeiros brasileiros na Europa, em especial na Inglaterra e Alemanha, é impulsionada pela escassez de profissionais no sistema de saúde dos países e pela qualidade da formação de enfermeiros no Brasil. No entanto, esse tema tem gerado atritos.

Na visão de membros do Ministério da Saúde, a situação levanta preocupações em múltiplos aspectos. Primeiramente, a migração de profissionais qualificados, cuja formação contou com investimento público e que não haverá retorno ao Brasil. Outro ponto é o tratamento que esses profissionais receberão no exterior.

O caso da Alemanha gerou especial apreensão no governo Lula. Auxiliares do presidente chegaram a se queixar do recrutamento realizado por intermédio da Agência Federal de Emprego alemã, vinculada ao Ministério do Trabalho do país, mas com autonomia de atuação.

O tema do código de conduta da OMS deve ser abordado na reunião de ministros da Saúde do G20 junto a outros tópicos que discutem a preparação dos países para pandemias. A Saúde busca ainda estabelecer uma coalizão voltada à produção local de medicamentos, vacinas e materiais diagnósticos.

A proposta visa reunir setores estratégicos, como governos, setor privado e academia, em um projeto para fortalecer a resposta dos países a emergências de saúde pública, com foco especial na luta contra doenças negligenciadas.

No entendimento de pessoas na área da Saúde, o G20 pode desempenhar um papel relevante ao impulsionar a criação dessa coalizão, facilitando o o a potenciais financiamentos de instituições como o Banco Mundial e o BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e até mesmo pela própria OMS.

Durante o evento, que ocorrerá entre os dias 29 e 31 de outubro, o Ministério da Saúde pretende discutir ainda temas como saúde digital, mudanças climáticas e equidade em saúde.

Na pauta sobre mudanças climáticas, o Brasil planeja apresentar contribuições para que os países avancem em adaptações e medidas de mitigação. O entendimento é que com a mudança do clima afeta a área da saúde de diferentes maneiras.

Um exemplo do impacto das mudanças climáticas na saúde é o aumento da dengue. A elevação das temperaturas e as ondas de calor impulsionaram no Brasil, neste ano, focos da doença. Esse cenário exige um esforço contínuo de adaptação a essa nova realidade, marcada pela recorrência de eventos climáticos extremos.

Espera-se que o evento resulte em duas declarações: uma dedicada ao tema das mudanças climáticas e saúde e outra de caráter mais abrangente, contemplando os demais pontos da agenda.

A primeira declaração, se confirmada, representará o primeiro posicionamento formal do G20 sobre a relação entre mudanças climáticas e saúde. Nela, os países devem delinear as contribuições que podem oferecer para fortalecer a cooperação global na resposta a esses desafios.

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