Quando há a saturação de um gênero, cabe ao corpo técnico de Hollywood encontrar soluções para reformular a imagem do segmento. Nos últimos dez anos, o cinema nunca esteve tão recheado de adaptações de quadrinhos. Se antes havia apenas o universo estendido da Marvel e as sessões eram quase monopolizadas pelo estúdio, agora temos a concorrente DC Comics disputando por espaço no pantão de releituras. Mesmo que não seja permanecente a nenhuma destas casas, Brightburn – O Filho das Trevas, que estreia nos cinemas da cidade nesta quinta-feira, faz exatamente isso que o gênero precisou: uma nova percepção.

Foto – Divulgação/Sony Pictures
Estrelado por Elizabeth Banks e David Denman, Brightburn – O Filho das Trevas, reimagina de modo sombrio, a história de um menino com super poderes ao chegar ao planeta Terra.
Gênero subvertido
No cinema de terror existe uma categoria chamada “bad seed”. Em sua tradução, o termo significa semente maldita, que classifica crianças maldosas ou psicopatas. Unir essa concepção ao gênero de herói, além de transparecer muita coragem, é também muito autêntico. James Gunn (Guardiões da Galáxia Vol 1 e 2) que assina a produção, trouxe um pouco do seu conhecimento de papeis de heróis invertidos no cinema para Brightburn.

Jackson A. Dunn como Brandon Bryer: um superman maldoso. Foto – Divulgação/Sony Pictures
Muito além do seu intelecto para tal material, Gunn, ao lado dos roteiristas Brain Gunn e Mark Gunn, também agregou seu gosto ácido para o terror trash, que já foi visto em Seres Rastejantes e Super ao filme de David Yarovesky. Característica que se torna o calcanhar de Aquiles deste longa-metragem. Como a nasceu de derivados de super heróis, o estilo deve conversar com o público que está adequado ao padrão estético de outros filmes.
Geralmente, o trash, convictamente, quer conferenciar com o desprendido e mal-feito. Esse tipo de personalidade cinematográfica entra em divergência ao tratar de uma ideia tão original, fazendo de Brightburn – O Filho das Trevas uma experiência incompleta, mas ainda sim interessante de assistir.

Elizabeth Banks como mãe adotiva de Brandon. Foto – Divulgação/Sony Pictures
Mesmo que não atinja os picos completos da premissa criada, Brightburn – O Filho das Trevas é a prova de que há uma entidade preocupada em trazer novas ideias insubordinadas para um gênero que deve entrar em colapso em breve.
Por Leonardo Resende