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Literatura

Edith Derdyk lança livro em Brasília e propõe um novo olhar sobre o desenho

Em sua nova obra, a artista reflete sobre o desenho como linguagem ancestral e organismo vivo, convidando o público a repensar a relação entre arte, corpo e percepção

Tamires Rodrigues

11/02/2025 5h00

exposição alfabeto da reta

Foto: Divulgação/Cecilia Bastos

Nesta quarta-feira (12), Edith Derdyk, artista plástica, escritora e educadora, estará em Brasília para o lançamento de seu novo livro “O corpo da linha: notações sobre desenho”, publicado pela Relicário Edições. O evento, que começa às 19h na Platô Livraria, na 405 Sul, contará com um bate-papo entre a autora, o artista brasiliense Gregório Soares Rodrigues e a historiadora Ludimila Moreira. O encontro promete explorar a obra de Derdyk e seu olhar inovador sobre o desenho.

No livro, Derdyk convida o leitor a uma reflexão profunda sobre a linha como um organismo vivo, buscando ultraar o caráter representacional e explorar suas dimensões poéticas e filosóficas. Em entrevista exclusiva ao Jornal de Brasília, a autora compartilha sua visão sobre o desenho: “O desenho é a linguagem mais antiga e ancestral de todas as linguagens, atravessando o arco civilizatório. O ato de desenhar é um gesto que deixa rastros, traços, marcas, vestígios, sinais de agem. O desenho, como linguagem, habita os corpos que se transformam no tempo e no espaço”, afirma Derdyk.

A artista não vê a linha apenas como uma técnica de expressão visual, mas como uma extensão do corpo e do pensamento, capaz de gerar ações no mundo. “Pensar a linha como um corpo que transita nos tempos e espaços é também entender o desenho como extensão do pensamento e da percepção, capaz de produzir ações no mundo”, explica. Para ela, o desenho transcende a simples representação e se torna um meio de conceber e perceber o mundo ao nosso redor.

capa edith frontal
O corpo da linha: notações sobre desenho. — Foto: Divulgação

O livro também faz uma conexão com pensadores influentes, como Flávio Motta, Mário de Andrade, Vilanova Artigas, Tim Ingold, Fernando Pessoa e João Cabral de Melo Neto. “Com Mário de Andrade, Flávio Motta e outros, venho desenvolvendo uma conversa sobre o desenho, não apenas como prática artística, mas como linguagem cidadã, capaz de emancipar o pensamento e a percepção”, diz Derdyk, ressaltando a relevância desses nomes brasileiros em sua abordagem.

A autora introduz no livro o conceito de “composições corporais” da linha, como as noções de linha-membrana e linha-performativa, que desafiam a visão tradicional da linha como simples contorno. “A linha-membrana é um lugar entre as coisas do mundo, e a linha-performativa é a linha como gesto que coreografa as intensidades da vida”, explica Derdyk, expandindo o conceito de linha e levando-o para um território mais sensível e experimental.

A “memória sensorial” do ato de desenhar também é explorada no livro, com Derdyk refletindo sobre sua infância e o gesto primordial de rabiscar. “Recuperar o grão da linha que balbucia é um esforço para agarrar o que me escapa, uma memória pré-categorial”, diz, lembrando que esse momento de rabiscar vem antes da estruturação da linguagem formal.

A crítica aos cânones clássicos e à persistência dessas normas nas práticas artísticas e educacionais também é um ponto central da obra. “Para quebrar essas noções cristalizadas que emudecem os corpos, devemos rabiscar, garatujar, desenhar como tudo o que é vivo”, sugere Derdyk, enfatizando a necessidade de desacelerar e resgatar o tempo para cultivar a sensibilidade e a criatividade.

Serviço
Lançamento do livro “O corpo da linha: notações sobre desenho”
Data: Quarta-feira (12)
Horário: 19h
Local: Platô Livraria (CLS 405 – Bloco A, Lj 12 – Asa Sul)
Entrada gratuita

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