Fabiano Neves“A invenção da Superquadra” de Marcílio Mendes Ferreira e Matheus Gorovitz foi o trabalho vencedor da segunda edição do prêmio José Aparecido de Oliveira, entregue nesta terça (15). O projeto que obteve a pontuação máxima de 10 pontos concorreu com outras 24 propostas apresentadas. O troféu foi entregue pelo Secretário de Cultura do Distrito Federal, Silvestre Gorgulho.
Criado em 2007 o Prêmio José Aparecido de Oliveira o prêmio é uma homenagem do governo do Distrito Federal àqueles que trabalham em prol da preservação da capital do país. O troféu leva o nome do ex-governador do Distrito Federal (1985 – 1988), morto em 2007.
Marcílio Mendes Ferreira, um dos vencedores é Arquiteto e professor aposentado da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo de Brasília com vários Prêmios, Exposições e Projetos Especiais de reconhecimento público.
Matheus Gorovitz também é formado em Arquitetura, com doutorado pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo e Pós doutorado pela Université Paris 1 Sorbonne.
“A invenção da Superquadra” conta a história da criação do marco da arquitetura da capital do país e sua importância na nova forma de se planejar as cidades que surgiu com a criação das Superquadras. O livro traz esboços originais de Lúcio Costa, projetos de prédios assinados por Oscar Niemeyer, além de vários depoimentos.
De acordo com os autores, “A pesquisa visa preencher uma lacuna na informação disponível sobre a chamada escala cotidiana ou residencial e salientar a importância da solução dada ao setor habitacional para a configuração da cidade contemporânea. Lúcio Costa, ao reformular o caráter introvertido, hierárquico, intimista, autônomo e suburbano, que distingue o conceito original de Unidade de Vizinhança, confere às áreas residenciais um caráter aberto e permeável, no dizer de seu autor: ‘As áreas de vizinhança não são estanques – se permeiam’”.
Marcílio agradeceu o prêmio e disse tratar-se de um reconhecimento por todo o trabalho. “É uma satisfação! Começamos este projeto há 10 anos. Temos que assegurar que a história deste marco que é a Superquadra não se perca”, destacou. Mateus Gorovitz resumiu o trabalho em uma “expressão de amor pela cidade”.
Outros cinco trabalhos receberam Menção Honrosa pela representatividade de ações preservacionistas relativas a Brasília enquanto Patrimônio da Humanidade. Foram levados em consideração os seguintes requisitos: adequação ao tema, originalidade, afinidade com a cidade e criatividade.
São eles:
“Circuito Educativo BrasiliAthos”, proposto por Lana Guimarães Souza Perpétuo;
“Bem Te Vi Brasília – Memória do Futuro”, proposto por Tânia Luíza Miranda Quaresma de Moura;
“Missão Cruls – Uma trajetória para o futuro”, proposto por Pedro Jorge Pinto de Castro; e
“Folclore em Brasília”, proposto por Maria Coeli de Almeida Vasconcelos;
O secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, declarou estar muito feliz pela qualidade dos projetos, contudo, lamenta o pouco interesse da sociedade quando trata-se de preservação. “É uma noite onde alegria e tristeza se encontram. Estou feliz pois com o Prêmio José Aparecido percebemos que há muitos profissionais empenhados em preservar este Patrimônio Cultural da Humanidade que é Brasília. Porém, preocupa-me a pouca importância que as pessoas dão a isto. Brasília foi reconhecida pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) com apenas 27 anos. Nossa cidade é o único sítio contemporâneo tombado. Projetos de educação patrimonial deveriam ser comemorados por todos, mas não é isso o que vemos”, comentou.
Gorgulho ressaltou a importância da data. “Neste ano o Prêmio foi entregue no dia em que Oscar Niemayer completou 102 anos. Tive a oportunidade de estar com ele no Rio de Janeiro. Sem dúvida, Oscar é o símbolo desta cidade, devemos dar as mãos em uma corrente pela preservação de Brasília e de toda sua obra”, completou.