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Música

Afilhada de Joelma, Zaynara molda tradição do brega paraense para a geração Z

“Todos eles têm a célula do brega paraense. Enxergo o beat melody como uma continuação dessa tradição. A diferença está em quem faz a música”, afirma Zaynara

Redação Jornal de Brasília

30/01/2025 10h33

zaynara

Foto: Reprodução

ISABELA YU
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)

Aos 23 anos, a cantora paraense Zaynara ganhou o apelido de “princesinha do beat melody” por ser a principal representante do estilo musical para o resto do país. Como um subgênero do brega paraense, o beat melody une elementos do tecnomelody e calypso na sonoridade criada a partir das batidas eletrônicas.

“Todos eles têm a célula do brega paraense. Enxergo o beat melody como uma continuação dessa tradição. A diferença está em quem faz a música”, afirma Zaynara. Inclusive, Joelma, rainha do calypso, é a sua madrinha artística.

A iração mútua entre elas resultou na balada “Aquele Alguém”, divulgada em outubro. Além dela, Zaynara bebe do trabalho de Viviane Batidão, Gaby Amarantos, Dona Onete, Fafá de Belém e Luê.

“Me considero uma mulher determinada, sonhadora, que está em constante descoberta de si mesma e que corre atrás dos seus sonhos. Ninguém tem o direito de diminuir a forma como as mulheres se expressam ou pensam”, pontua a cantora. No seu trabalho, dois pontos principais estão conectados: a saudação à ancestralidade amazônica está amarrada com as vivências da mulher jovem e independente.

Somando milhares de reproduções nas plataformas, “Sou do Norte”, lançada em abril de 2024, exalta a cultura paraense e celebra as raízes do povo tupinambá. “Eu vivo entre os rios, as matas e acredito nas crenças da floresta. Isso me ajuda a entender as minhas emoções”, reflete sobre a faixa. Já “Quem Manda em Mim”, outra favorita do público, integra o disco “É Beat Melody” (2022), e carrega a mensagem de empoderamento feminino.

Nascida na cidade de Cametá em 2001, Zaynara cresceu acompanhando a rotina de ensaios e shows do pai, Nildo Assunção, baterista da Banda Invencíveis. Com o apoio familiar, ela estudou nutrição na faculdade, enquanto dava os primeiros os na música. A estreia oficial aconteceu no EP “Traz o Nosso Amor de Volta” (2021), e desde então soma um disco, além de colaborações com Pabllo Vittar, Luê e Felipe Cordeiro.

A artista integra a linhagem de cantoras que furaram a bolha regional para ganharem projeção no resto do país. O cenário de destaque vem sendo construído há décadas, mas alcançou novos patamares por conta dos debates acerca da crise climática e das disputas do território amazônico. Em novembro, Belém do Pará será sede da COP30, a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas.

“Tanto o Brasil, quanto o resto do mundo está atento a nossa arte, vivemos um momento onde os olhares estão voltados para a nossa pluralidade cultural”, reflete Zaynara. Há uma grande responsabilidade em carregar essas bandeiras, mas isso a longe de ser um fardo, pois ela enxerga como uma missão de vida.

“Acho legal o meu trabalho ganhar reconhecimento, mas me vejo como um canal de exaltação à música nortista, é o motivo pelo qual eu faço a minha arte. Isso incentiva e potencializa os movimentos culturais que acontecem na minha região”, define a cantora.

Na lista de objetivos a longo prazo estão emplacar músicas em trilhas sonoras de novelas, se apresentar no palco Mundo do Rock in Rio e ser indicada ao Grammy. Mas fora isso, ela almeja transformações coletivas: “Sonho em poder impactar as pessoas sobre questões urgentes da região amazônica, principalmente relacionadas ao meio-ambiente”.

O ano de 2024 foi um divisor de águas na sua carreira. Além de levar para casa o troféu de artista revelação nos prêmios Multishow e Women’s Music Event, ela garantiu um contrato com a Sony Music para o lançamento do segundo álbum. “Em apenas um ano eu realizei sonhos que achei que iam demorar um pouco mais para acontecer”, comenta a artista.

No meio tempo, se prepara para apresentar prévias da nova fase nos próximos meses. Inclusive, esse será o momento de introduzir a faceta compositora: “Sou exigente comigo mesma, levo a sério uma música como Zaynara. Demorei bastante tempo para ter a coragem de falar com as minhas próprias palavras”.

E quais temas a inspiram? “A força da floresta, o curso dos rios do meu Pará, a região amazônica e o Baixo Tocantins”. Mesmo com os grandes planos no horizonte, ela mantém os dois pés no chão porque sabe que as rotas podem mudar a qualquer momento na indústria da música -e voltar para casa será sempre uma opção.

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