Desde o dia 15 de fevereiro, Brasília recebe a circulação da Orquestra Popular Salve Glória, conduzida pela flautista transversal Diana Mota. O grupo percorre diferentes regiões do DF, como Taguatinga, Plano Piloto, Samambaia e Planaltina, levando ao público uma vibrante mistura de ritmos brasileiros, como frevo, carimbó, baião, maracatu e ijexá.
Criada em 2017, a orquestra nasceu de uma banda fundada por Diana em homenagem à sua mãe, Glória Maria. “A saudade era grande”, conta a musicista. Hoje, o grupo conta com 18 integrantes e uma formação instrumental diferenciada, que inclui trompetes, trombones, violino, flauta, saxofone, barítono, percussão e banda tradicional.

Diana destaca a influência materna em sua trajetória artística e pessoal. “Minha mãe teve uma vida dura, mas sempre alegre, porque quem trabalha com arte tem criatividade. Ela tinha uma magia, uma força divina. Eu a vejo como alguém que quero ser. Ela me inspirou não só na música, mas na vida, pelas virtudes, pela ética profissional, por ser um ser humano íntegro.”
Em entrevista ao Jornal de Brasília, a maestra falou sobre os desafios de levar uma orquestra desse porte para diferentes regiões. “Além da dificuldade de montar e manter um grupo com 18 músicos, há questões estruturais: sonorização, disposição dos instrumentos no palco, cadeiras, entre outros detalhes.”
A turnê foi viabilizada pelo Fundo de Apoio à Cultura (FAC). “É um desafio manter um grupo grande sem um apoio financeiro fixo, como tem a Orquestra Sinfônica. Fazemos apresentações esporádicas e, desta vez, conseguimos circular pelo DF graças ao FAC, com o cachê garantido para cada músico. O público só tem a ganhar, pois pode reviver ritmos genuinamente brasileiros a um preço ível. O ingresso custa entre 5 e 6 reais, mais para ajudar a divulgar nosso trabalho.”

Diana também ressalta as dificuldades de ser mulher na música popular. “Se as pessoas não me escolhem para tocar, eu tenho que me escolher”, afirma. Além das barreiras de gênero, ela aponta a falta de valorização do músico multi-instrumentista no Brasil. “Aqui, há a ideia de que você deve ser especialista em um único instrumento. Mas cresci vendo músicos que precisavam dominar vários estilos para se manter na profissão. Essa versatilidade deveria ser vista como um diferencial, não como uma limitação.”
Além dos shows, a orquestra lançou o concurso Flutuando, que incentiva novos compositores. A proposta é criar uma letra para uma melodia de Diana, que será incorporada ao repertório e apresentada nos dois últimos concertos da turnê. O concurso também busca movimentar as redes sociais da orquestra e dar visibilidade a artistas autorais, que enfrentam dificuldades para conquistar espaço na mídia e nas rádios.
Serviço:
Show Brasilidades
Circulação da Orquestra Popular Salve Glória
15 e 16/03 -17h – Complexo Cultural Planaltina
21/03 – 20h – Clube do Choro – a confirmar
28/03 – 20h – Thomas Jefferson Hall no Projeto Sextas musicais (706 Sul)
29 e 30/03 – 17h – Sesc Paulo Autran (Taguá)Ingressos: R$10 (inteira) e R$5 (meia)